Charlize Theron deve ser muito gente boa. Porque não tem medo de fazer papeis antipáticos e ainda ajuda os amigos em seus filmes com sua fama. E como ela é boa demais, além de linda de doer, acaba normalmente sendo o fator que salva alguns dos filmes que faz. Foi o caso de Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola, e agora com Gringo: Vivo ou Morto, que estreou essa semana nos cinemas. Ela está o máximo como uma executiva implacável que gosta de fazer tudo à sua maneira. Vê-la atuar vale o ingresso.
O problema, na verdade, é o resto. Gringo quer ser uma comédia de humor negro, mas acaba falhando no principal: não é engraçado – eu mesma dei duas risadas no filme inteiro, graças a cenas de Charlize. Ás vezes me pergunto o que leva tantos talentos se envolverem num projeto tão fraquinho. Além de Charlize (que também é produtora), ainda estão no elenco David Oyleowo, Amanda Seyfried, Sharlto Copley, Thandie Newton e Joel Edgerton. Bem, no caso de Joel, até dá pra explicar: o filme é dirigido por Nash Edgerton, se aventurando pela primeira vez num longa-metragem.
A história é sobre uma aventura de Harold, um executivo dedicado, que começa a desconfiar que a empresa onde trabalha vai ser vendida. Só que isso é negado pelos seus chefes, Elaine e Richard, que acabam acompanhando Harold numa viagem ao Mexico. Só que antes de todos voltarem, Harold descobre todas as falcatruas, além de descobrir que a mulher quer o divórcio, e resolve encenar seu próprio sequestro para conseguir o dinheiro do seguro da empresa. Só que paralelamente, tem muito mais coisas acontecendo, e ele logo se verá envolvido com chefes de cartel da máfia, um assassino profissional, dois sequestradores meia boca, que o fará pular de um lado para o outro para se salvar.
Comédias de humor negro são muito difíceis de fazer, de encontrar o tom certo. E no caso de Gringo, o problema é que o roteiro e o diretor não sabem que caminho seguir. Ás vezes é de drama, outras de filme de ação, e ainda uma pequena parte de comédia. Os atores, por consequência, ficam meio perdidos – Amanda Seyfried é a mais perdida – e com isso, quem é bom mesmo, como Charlize, segue seu próprio caminho e se dá bem. Realmente um desperdício de gente boa!
A grande curiosidade fica por conta da aparição de Paris Jackson, a filha de Michael, estreando no cinema, como Nellie, a garota que oferece para Miles (Harry Treadway) a oportunidade de buscar remédios no México. Ela, que já tinha feito uma participação na série Star, aparece pouco, mas tem presença, e se sai muito bem.