A primeira cena de Cherry – Inocência Perdida, filme que estreou nessa sexta (12) na Apple TV+, mostra Tom Holland saindo correndo de uma casa. Quem acompanha a carreira do ator, especialmente em seus momentos como Homem-Aranha, vai se surpreender. Eu mesma demorei alguns segundos para perceber que era ele. Sua vontade de mostrar o quanto é um ator versátil, que vai muito além de um super-herói, é clara. Após O Diabo de cada Dia, ele está em todas as cenas de Cherry fazendo um jovem que enfrenta um grave problema com drogas. Está ótimo.
Cherry é baseado no livro autobiográfico de Nico Walker. A história é contada em capítulos bem delineados, sempre com a narração de Tom Holland como Walker. Começa como o jovem estudante que se apaixona por uma garota, Emily (Ciara Bravo, da série Second Chance). Depois de uma briga que parece definitiva, ele resolve se alistar para se afastar completamente. Só que a jovem retorna arrependida, mas ele tem que ir para o Iraque para trabalhar como paramédico do exército. A experiência, como era de se esperar, é traumática. E quando ele retorna, o estresse pós traumático o faz se transformar em um dependente de drogas. Daí começa também a vida de ladrão de bancos para dar suporte ao seu vício.
A crítica de Cherry
Esse é o primeiro trabalho como diretores dos irmãos Joe e Anthony Russo após o triunfo de vários filmes da Marvel, inclusive Vingadores: Ultimato. Não é à toa que escolheram algo muito diferente. Um drama difícil e adulto. É interessante como eles se envolveram com os atores do cast dos filmes dos Vingadores. Produziram Crime sem Saída, com Chadwick Boseman, e Resgate, com Chris Hemsworth. E agora estão dirigindo Gray Man, com Chris Evans para a Netflix. Aqui, com Tom Holland, eles conseguem dar ao ator a oportunidade de brilhar. Mais até do que o próprio filme.
Não digo aqui que o filme seja ruim. Ele tem uma linguagem moderna, derruba a quarta parede de uma forma diferenciada. Ao dividir o filme em capítulos facilita o melhor entendimento da história. O grande problema é que ele se perde no retorno de Walker para casa após a guerra. A situação do consumo de drogas se torna repetitiva. E você vê cena após cena gente se drogando, se injetando e se acabando. Isso torna o filme extremamente cansativo com suas 2h22 minutos. Se cortassem uma meia hora, ele com certeza ficaria bem mais “redondinho”. Mas, claro, há momentos brilhantes. A cena quase final, por exemplo, que se passa no meio da rua, ao som de uma ópera, é maravilhosa. O problema é que Joe e Anthony Russo se deixaram dominar pela história. E não ao contrário.