Colman Domingo é um ator sensacional. Para mim, sua melhor atuação foi em Rustin (disponível na Netflix), pelo qual foi indicado ao Oscar no ano passado – e deveria ter ganhado. Esse ano ele concorre novamente também como melhor ator por Sing Sing, que estreia nesta quinta nos cinemas. Também é uma belíssima atuação – e o filme é bem eficiente.
Assim como em Rustin, Domingo aqui faz uma pessoa real, John Divine Whitfield. Ele é um homem preso injustamente que encontra um novo propósito ao se unir a um grupo de teatro na prisão. Ao lado de outros detentos, ele embarca em um projeto artístico que vai além das grades, descobrindo na arte uma poderosa ferramenta de transformação e resiliência. A chegada de um novo integrante, cauteloso e desconfiado, desafia o grupo a superar suas próprias barreiras emocionais e a explorar a comédia como meio de expressão. Juntos, os homens decidem encenar sua primeira peça cômica, e o processo criativo se torna um caminho para reconciliação consigo mesmos e com suas histórias.
O que achei?
O filme se baseia no musical do teatro The Sing Sing Follies, de John H. Richardson e a peça Break-in’ the Mummy’s Code, de Brent Buell. Fiquei até curiosa para ver como essa história funcionaria num musical. Tudo se passa no ambiente da prisão. Mas é emocionante ver como a arte consegue trazer um pouco de fantasia para essas pessoas que estão presas no local. O personagem principal – que cumpre pena por um crime que não cometeu – demonstra grande sensibilidade, uma reverência à escrita e ao teatro. E Colman Domingo consegue passar todo esse amor, e ao mesmo tempo a angústia de uma mente artística presa naquele local.
É claro que a vida na Sing Sing do cinema é bem diferente daquela das cenas que vemos em prisões brasileiras. A maior parte dos participantes do programa de teatro é composta de pessoas simpáticas e que se importam com a arte. O interessante em Sing Sing é que muitos do elenco são realmente presos de Sing Sing que fizeram parte do programa de teatro. Deixa tudo mais emocionante. O próprio John Whitfield faz uma aparição especial como o preso que pede uma autógrafo para o Whitfield do filme. É uma bela cena.
E ainda…
O próprio Clarence Maclin faz o papel dele mesmo. Ganhou alguns prêmios inclusive no Santa Barbara Film Festival. Tem uma bela atuação. E é a entrada de seu personagem no grupo de teatro que provoca várias repercussões, e o início da amizade com Whitfield. O filme constrói esse caminho de uma maneira convincente e emocionante. E, claro, especialmente pela atuação de Colman Domingo. É impossível não se emocionar com o desespero e o alívio de seus olhares em diversas ocasiões do filme. Grande ator!