O atual momento político de incertezas do Brasil daria um bom filme. E Hollywood também adora um filme sobre os bastidores de campanhas políticas, de momentos de decisão e são obviamente fascinados com a figura de seu presidente. Por exemplo, atualmente nos cinemas, Aaron Eckhart é o próprio, que tem que enfrentar um ato terrorista em terra estrangeira em Invasão à Londres (ainda bem que é protegido por Gerard Butler. Entre as séries de TV, Scandal tem o maior sucesso mostrando as idas e vindas do romance do presidente Fitz (Tony Goldwyn) com Olivia Pope (Kerry Washington), enquanto todos tentam derrubar todo o mundo. E, é claro, na Netflix você encontra todas as temporadas de House of Cards, com o incrível personagem Frank Underwood (Kevin Spacey). Esta semana a mesma Netflix anunciou que terá uma nova série original, baseada nas recentes investigações de corrupção da Operação Lava Jato, e que as filmagens começarão este ano no Brasil. Ainda sem título, ela será criada e dirigida por José Padilha (Narcos, Tropa de Elite).
Mas Hollywood é fascinada com o assunto da política desde os primórdios do cinemas. Nos anos 30, A Mulher faz o Homem já concorria ao Oscar de melhor filme, com James Stewart fazendo um jovem ingênuo (tipo de coisa que não existe mais) que sai do interior para substituir um senador. Só que seus planos de fazer o bem são atrapalhados por uma teia de corrução. Desde aquela época… Já nos anos 70, em Todos os Homens do Presidente, o papel da imprensa , no caso os jornalistas vividos por Dustin Hoffman e Robert Redford, em desvendar o escândalo de Watergate desencadeou o impeachment do então presidente Richard Nixon. São filmes antigos, mas extremamente atuais. Devem ser conhecidos e vistos.
Mas há outros. Abaixo você pode ver a minha listinha de filmes sobre políticos que eu recomendo. Alguns estão disfarçados de comédia romântica, só que você sempre vai encontrar os assuntos – chave neles: corrupção, negociatas, a dificuldade em fazer o certo para o povo. Dê uma olhadinha:
As biografias de líderes são um prato cheio para conhecer todo esse dia a dia que acontece por debaixo dos panos. O cinema tem várias opções para conhecer. Começando com Lincoln (2012) de Steven Spielberg, que deu mais um Oscar para Daniel Day Lewis – para se ver como corrupção e negociatas acontecem desde antes da libertação dos escravos…Ainda há A Dama de Ferro (2011), que também deu um novo Oscar para Meryl Streep, W (2008), com Josh Brolin, dirigido por Oliver Stone, no papel de George W. Bush, e Nixon (1995), também de Stone, com Anthony Hopkins como o presidente deposto.
Aliás, um dos melhores filmes do gênero que vi foi Frost/Nixon (2008), com Michael Sheen (adoro!) e Frank Langella num duelo brilhante mostrando as entrevistas do então ex-presidente com um jornalista britânico. Vale conhecer. Outro bom duelo de atores é o de Tudo pelo Poder (2011), onde Ryan Gosling é um jovem idealista (sempre eles, rs) a trabalho em uma campanha presidencial, que entra em conflito com políticos sujos. George Clooney faz o candidato, mas também é responsável pela direção. Ele tem sempre uma preocupação em mostrar esse tipo de assunto no cinema, sobre a luta contra o conformismo e a corrupção continuamente presentes em governos. George também foi o responsável por Boa Noite e Boa Sorte (2005) com a história real do jornalista Edward R. Murrow, que expôs asas táticas e mentiras usadas pelo senador Joseph McCarthy em sua caça aos supostos comunistas. É ótimo!
E, é claro, as comédias românticas, aparentemente bobinhas, mas que além de belas histórias de amor, apresentam também críticas e discursos poderosos contra a prática de negociatas. O primeiro é Dave: Presidente por Dia (1993), um filme digno da época de Frank Capra, sobre um desconhecido muito parecido com o presidente, que é colocado em seu lugar para evitar um escândalo. Nos papéis principais estão Kevin Kline e Sigourney Weaver, com Frank Langella (adivinhe?) como o vilão. O outro passou recentemente no canal TCM e eu revi com prazer. Meu Querido Presidente (1995) mostra o romance de um presidente viúvo (Michael Douglas)com uma lobista (Annette Bening), que atrai a atenção do público e de seus rivais na política. É bonito, com um político sensível e preocupado com o país. É também muito pouco provável. Pena!
Há vários outros – Conspiração e Poder (ainda nos cinemas), Intrigas de Estado (2009), Poder Absoluto (1997), Segredos do Poder (1998) – mas um dos mais contundentes que já vi sobre a luta pelo poder é bem mais antigo. O Leão no Inverno (1968), que deu um Oscar para Katherine Hepburn, pode ser chamado até de uma fonte de Game of Thrones. Nele, o rei Henry II (Peter O’Toole) tem três filhos que desejam o trono, mas não consegue se decidir. Então sua esposa maquiavélica desenvolve um plano para forçá-lo. Eleanor de Aquitânia pode ser considerada a mãe de todos de todos os políticos dispostos a tudo para conseguir o que desejam.