Na minha opinião, Cate Blanchett é a melhor da atriz da atualidade. Lembro que fiquei impressionadíssima quando a vi em seu primeiro papel de destaque em Elizabeth em 1998, e chocantemente perdeu o Oscar para Gwyneth Palthrow por Shakespeare Apaixonado. Desde então ela já ganhou dois – um de coadjuvante por O Aviador e um de atriz principal por Blue Jasmine. Ambos merecidos. Este ano ela concorreu novamente por Carol. Mas a indicação deveria ter sido por Conspiração e Poder, que estreou hoje nos cinemas.
O tema é um pouco complicado para os cinemas americanos, o que explica o fato do filme não ter ido bem de bilheteria. Assim como Spotlight, conta sobre a importância de uma investigação da imprensa num caso envolvendo os podres de políticos, nesse caso o presidente da república. O assunto parece conhecido? Pois é… por isso mesmo o filme é ainda mais obrigatório. É baseado em fatos reais, como descrito no livro da produtora da CBS, Mary Papes (Cate Blanchett), que juntamente com o âncora Dan Rather (Robert Redford), suspeita que o presidente George W. Bush foi um dos muitos jovens privilegiados que usou os seus contatos para não combater na Guerra do Vietnã. Armando uma exposição, os dois conseguem levar a história ao ar. Só que começa então uma guerra por parte do poder constituído numa tentativa de tirar o crédito das informações. Pois é… No filme isso vai acabar abalando o emprego dos dois contratados da CBS, quase alterar as eleições e levar toda a CBS News abaixo.
O assunto cada vez mais se comprova atual. Para se ter uma ideia, a rede CBS, que era a rede que mostrou a matéria na época, não aceitou veicular comerciais promovendo o filme. Me lembro vagamente do caso na época. Muitos questionam a posição de Mary Papes, mas a interpretação de Cate não deixa a menor dúvida de sua garra e busca pela verdade. Está simplesmente brilhante! Talvez uma das melhores atuações de sua carreira. Mais uma vez representando um jornalista na busca pela verdade contra um presidente (lembra de Todos os Homens do Presidente?), Robert Redford traz aquela dignidade dos grandes homens, como ele sempre soube fazer como ninguém. O elenco ainda tem outros nomes de peso como Dennis Quaid, Elisabeth Moss (de Mad Men), Stacy Keach, Dermot Mulroney e Topher Grace, entre outros.
É um filme importante, obrigatório para todos aqueles que gostam de histórias para entender o poder tanto da imprensa como de políticos. No final, acaba deixando uma certa revolta, um gosto amargo na boca. Mas também a certeza de ter visto um grande filme, com atuações poderosas.