A saúde dela já não era das melhores. No início do ano, foi homenageada no evento especial do Oscar com o Prêmio Jean Hersholt por seu trabalho humanitário, mas não pode comparecer. Meryl Streep entregou a honraria para sua neta Billie Lourd. E hoje, depois de perder sua filha, Carrie Fisher, o coração de Debbie Reynolds não aguentou. Enquanto estava na casa de seu filho Todd, a atriz sentiu-se mal, e foi para o hospital. Aos 84 anos, ela não teve mais forças e o mundo teve que se despedir da energia e da alegria sempre presentes de Debbie. Segundo o filho Todd Fisher disse à Variety, “ela queria estar com Carrie”.
A carreira de Debbie começou nos anos 50. Era uma ótima dançarina, cantava com uma voz doce, e sempre foi uma atriz com grande empatia com o público. Começou a ficar conhecida com Três Palavrinhas, de 1950. Mas foi como a cantora estreante Kathy Seldon, de Cantando na Chuva, que ela se tornou parte dos grandes de Hollywood. Segundo Debbie disse em algumas entrevistas, fazer esse filme (o astro Gene Kelly não gostava dela) e sobreviver ao trabalho de parto foram as coisas mais difíceis de sua vida. Só que para todos nós que amamos o filme (e Debbie) nada poderia parecer mais perfeito.
Depois disso, fez vários pequenos sucessos em Hollywood, mas nada como A Flor do Pântano, de 1957, como a órfã Tammy. A música -tema foi um enorme sucesso, ficando durante cinco semanas em primeiro lugar entre as mais tocadas nos Estados Unidos. Na época das filmagens, com 24 anos, Debbie estava grávida de sua filha, Carrie Fisher.
Depois vieram várias comédias românticas, sua especialidade naqueles tempos: Tudo pelo teu Amor (1958), Como Fisgar um Marido (1959) e Começou com um Beijo (1959). Depois de A Taberna das Ilusões Perdidas e o famoso divórcio do pai de Carrie, o cantor Eddie Fisher (que a deixou para ficar com Elizabeth Taylor), Debbie começou a buscar papéis mais desafiadores. Fez A Conquista do Oeste e outros filmes até chegar à oportunidade de A Inconquistável Molly, o filme favorito da atriz, que lhe deu indicações para o Oscar e para o Globo de Ouro.
Antes de ir para a televisão, com sua série The Debbie Reynolds Show, ela ainda fez Dominique em 1966. O filme era fraquinho, mas me lembro que era um dos meus favoritos quando eu era criança e Debbie cantava a música -tema. Foi um papel marcante de uma de minhas estrelas tão queridas da época que eu assistia sessão da tarde após o colégio!
O anos 70 foram difíceis para Debbie. Ela descobriu que seu segundo marido, Harry Karl a tinha deixado falida, então começou a trabalhar muito na televisão. participou de várias séries como O Barco do Amor, As Super-gatas, Hotel. Depois de uma volta ao cinema com Mãe é Mãe e Será que ele é? em 2001, ela exorcizou seus demônios do passado ao fazer o filme As Damas de Hollywood, ao lado de Shirley MacLaine, Joan Collins e … Elizabeth Taylor para a TV. O roteiro era de Carrie.
Depois disso, ela teve ainda duas atuações memoráveis. Em Will and Grace, durante 10 episódios – ela cantarola Good Morning, de Cantando na Chuva em um deles – e seu último papel, a mãe de Liberace, em Behind the Candelabra, telefilme da HBO.
Debbie ainda fez teatro, teve seu próprio cassino em Las Vegas, que eu cheguei a visitar, fez vários shows, e foi a maior colecionadora de memorabilia de cinema, cujos ítens foram para um museu em Hollywood a partir de 2005. Debbie, mesmo com todos os problemas que enfrentou na vida, com maridos, dinheiro, com os vícios de Carrie, com a falta de bons papéis por causa da idade, parecia estar sempre feliz. Em 2015, foi premiada pelo SAG’s por sua carreira inigualável. O prêmio foi entregue por Carrie. Essa imagem das duas felizes naquele momento é o que fica.