Quem me conhece sabe que eu amo um bom clássico. De vez em quando escrevo sobre eles por aqui. Foi o caso da matéria recente sobre o Homens Lindos do Passado. Creio que todo mundo que gosta de cinema deveria conhecer os clássicos. Assim é possível falar mais sobre os filmes do presente. É uma questão de cultura cinematográfica básica. E hoje (12), têm dois deles estreando. Estão no Belas Artes a la Carte (https://www.belasartesalacarte.com.br/). Quando o Coração Floresce é um romance lindo com Katherine Hepburn. Já O Picolino é considerado um dos melhores musicais de Fred Astaire e Ginger Rogers. São imperdíveis!
Quando o Coração Floresce (Summertime) – 1955
Belíssima produção rodada em Veneza sob a direção de David Lean. Jane Hudson (Katharine Hepburn) é uma secretária de meia-idade. Ela economizou durante muito tempo para viajar para Veneza, na Itália. Jane se auto-descreve como independente. O problema é que durante as férias na cidade, ela se sente solitária. Só que tudo muda quando Jane conhece um charmoso italiano, Renato (Rossano Brazzi).
O filme foi um enorme sucesso na época. Fez inclusive com que o número de turistas de Veneza dobrasse. Teve duas indicações para o Oscar: atriz e diretor. David Lean ganhou o prêmio de direção dos críticos de Nova York. Também ficou famosa uma cena em que Katherine Hepburn cai num canal de Veneza. Ela contraiu um infecção no olho que durou até o fim da vida.
Quando o Coração Floresce é lindo. Entretanto, é preciso analisá-lo sob o ponto de vista da época de sua produção. Aos 48 anos, Katherine Hepburn fazia o papel de uma solteirona sem esperanças. A censura da época inclusive mandou cortar cenas. Especialmente as que davam a entender que Jane e Renato tinham transado. Também alguns diálogos de duplo sentido tiveram que ser substituídos.
Mesmo assim, é um belo filme. O diretor David Lean fez grandes produções como Lawrence da Arábia e Doutor Jivago. Mas costumava dizer que esse era o seu favorito entre todos que dirigiu.
O Picolino (Top Hat) – 1935
Este foi o quarto filme dos 10 que Fred Astaire e Ginger Rogers fizeram juntos. É também considerado o melhor deles. Entrou até para o National Film Registry (Registro Nacional de Cinema) em 1990. Foi considerado “culturalmente, historicamente e esteticamente significativo”. A trilha sonora inesquecível é do mestre Irving Berlin. O Picolino concorreu a quatro Oscars. Filme, direção de arte, direção de dança e canção, Cheek to Cheek. Veja o número completo com a canção:
A história é bobinha. Mas nem por isso menos deliciosa. Tudo começa em Londres (mas filmado em Hollywood). Jerry Travers (Fred Astaire) está ensaiando um número de sapateado em seu quarto de hotel para um show. Entretanto, ele acaba incomodando Dale Tremont (Ginger Rogers) no andar de baixo. É lógico que ela aparece para reclamar. Jerry fica apaixonado. O problema é que acontece uma série de mal-entendidos. Tanto que a garota começa a achar que ele é Horace, o marido de sua melhor amiga. Além disso, Dale tem um envolvimento comercial com Alberto Beddini (Erik Rhodes). Ele é um costureiro que a leva para Veneza para desfilar suas criações. Jerry então precisa fazer o possível para desfazer a confusão. E claro, conquistar Dale definitivamente.