Depois do enorme sucesso de Ainda Estou Aqui, mais dois filmes brasileiros estreiam no circuito de cinema. O primeiro é o mais badalado, Vitória. Com Fernanda Montenegro no papel principal, e direção de Andrucha Waddington, Vitória se baseia numa história real, e é bem eficiente. Já O Melhor Amigo pretende fazer uma comédia romântica gay e musical. É muito pobrezinho, e só tem as músicas dos anos 90 de bom. Veja as críticas abaixo:
Vitória
Nina (Fernanda Montenegro) é uma senhora solitária que, aflita com a violência que passa a tomar conta da sua vizinhança e em conflito com os vizinhos, começa a filmar da janela de seu apartamento. A idosa registra a movimentação de traficantes de drogas da região durante meses, com a intenção de cooperar com o trabalho da polícia. A atitude consegue chamar a atenção de um jornalista, que faz amizade com Vitória e tenta ajudá-la nessa missão.
É emocionante ver Fernanda Montenegro, com mais de 90 anos, carregar um filme nas costas. Ela está em todas as cenas, e sua disposição é incrível. Por isso só, Vitória já deveria ser visto. Ao contrário de muitos, acho que Fernanda tem erros e acertos em suas atuações, mas tiro o chapéu para sua carreira . Aqui, ela tem um de seus acertos. Consegue emocionar e até fazer rir. E a história é emocionante e parece uma coisa de ficção, apesar de se basear num fato. Além de Fernanda, o filme tem duas outras atuações que chamam a atenção. Thawan Lucas é muito talentoso como o menino Marcinho. E já Linn da Quebrada faz a vizinha Bibiana, com doçura e um grande carisma.
O filme poderia se um pouco mais curto, mas não cansa. Funciona em nos envolver, e em momento algum Fernanda não deixa Nina se mostrar como uma vítima que não faz nada. Ela vai à luta sempre. É uma bela personagem, com uma história marcante.
O Melhor Amigo
O Melhor Amigo acompanha a viagem de um jovem arquiteto para a praia de Canoa Quebrada, no Ceará, onde esbarra com um amor do passado. Após uma crise com seu atual namorado Martin (Léo Bahia), Lucas (Vinicius Teixeira) resolve viajar para o litoral sozinho. É em meio ao sol, ao mar e à paisagem paradisíaca que, então, esbarra com Felipe (Gabriel Fuentes), um colega de faculdade, agora guia de turismo na região. Desejos e sentimentos voltam à tona quando os dois se conectam novamente. O jeito misterioso de Felipe, porém, obriga Lucas a se perder por entre as noites quentes e musicais de Canoa Quebrada.
O filme de Allan Deberton, que fez Pacarrete, se baseia em um curta de 2013. O diretor chama O melhor Amigo de “o Mamma Mia do Nordeste”. Muito exagero à parte, o filme acerta em incluir as canções dos anos 90 como fio condutor de vários momentos pelos quais Lucas passa. Talvez se o diretor investisse mais nelas, o filme se sairia melhor (tem até uma participação simpática de Gretchen). Entretanto, Léo Bahia parece que passa o filme todo em estado catatônico enquanto Lucas segue apaixonado por Felipe. Logo se torna cansativo. O filme ainda tem participações especiais de Claudia Ohana e Mateus Carrieri (quase irreconhecível). Talvez o público gay curta, mas não me envolveu. Pena!
