Há sempre um filme europeu sendo lançado no cinema. Sim, eles normalmente são relegados aos cinemas de arte, e quase nunca chegam à maioria das cidades. Ainda há um preconceito que já não existe mais nas séries, graças à Netflix. Séries espanholas (La Casa de Papel, As Telefonistas), alemãs (Dark), dinamarquesas (The Rain) são algumas das que conquistaram o público nacional. Mas no cinema a coisa é diferente. De qualquer maneira, nessa semana de Carnaval, dois filmes europeus estrearam nas telonas. E se você quer conhecer mais, veja aqui o que achei:
Frankie
Num primeiro momento, o que me atraiu em Frankie foi o elenco: Isabelle Huppert, Brendan Gleeson, Marisa Tomei, Greg Kinnear, Jeremie Renier (de O Amante Duplo), entre outros. Também o fato que a ação se passa toda durante um único dia na linda Sintra, em Portugal, foi outro fator. O filme teve sua estreia mundial no festival de Cannes do ano passado, onde parte do elenco, o diretor e roteirista Ira Sachs, além do co-roteirista, o brasileiro Maurício Zacharias.
Logo descobrimos que Frankie (Isabelle Huppert) é uma famosa atriz e matriarca de uma grande família franco-inglesa. Esta inclui o atual e o ex-marido, além dos filhos de ambos. A seu pedido, sua família se junta a ela numa viagem para a cidade histórica de Sintra, para passar um dia juntos. Além destes, Frankie também convida uma grande amiga, que chega com um namorado que ninguém esperava. O passeio traz à luz segredos e a confusa dinâmica familiar com Frankie no centro.
O que achei?
Esperava um pouco mais das paisagens de Sintra. Quando uma cidade é tão linda, você quer ver sempre mais. Mas de qualquer maneira, gostar mais ou menos de Frankie implica em o quanto você admira Isabelle Huppert. Eu sinceramente acho que ela faz tudo sempre igual, passando aquela famosa frieza francesa. E aqui não é diferente. Mas ela está cercada de bons atores. Destaque especial aqui para Brendan Gleeson, como o marido escocês, que tansmite uma dor e um carinho de forma muito especial.
Ocasionalmente, Frankie dá um pouco de sono, mais especificamente nas cenas cheias de enfado de Madame Huppert. Mas quando outros atores entram em cena, o filme entretém. Preste atenção especialmente no diálogo entre Marisa Tomei e Jeremie Renier. Ele coloca um pouco de luz nessa família sui generis, e também proporciona a melhor cena do filme.
De quem é o Sutiã?
Eu adorei esse título divertido. Mas esperava um filme mais engraçado. A ideia é boa. De quem é o Sutiã? não têm diálogos, parece aqueles desenhos animados antigos tipo Tom e Jerry, onde só há efeitos de som, e a trilha sonora. É uma experiência cinematográfica interessante para contar a história de um maquinista de um trem que está prestes a se aposentar. Na última das viagens, passando sempre bem perto de várias casas, um sutiã fica preso na frente do trem. E agora o solitário aposentado resolve descobrir quem é a dona da peça, e passa por várias peripécias para tentar achá-la.
O filme é uma verdadeira aldeia global. É uma produção alemã, que se passa no Azerbaijão, mas foi filmada na Georgia (o país, não o estado americano). Como o filme é mudo, o elenco vem de todas as partes do mundo. A figura mais conhecida é Paz Vega, que tem uma participação bem pequena. Segundo o diretor, Veit Helmer, a inspiração veio de uma região na capital do Azerbaijão, onde os trilhos do trem são tão próximos às casas que eles também servem como áreas de lazer, como no filme. “Ali, a vida acontece na estrada de ferro, onde longos trens que transportam combustível passam várias vezes ao dia”, explica Helmer.
O que achei?
Sim, a ideia é boa, o formato idem. O filme é até ocasionalmente engraçado. Mas, o problema é que a história acaba um tanto repetitiva. Minha sensação é que De quem é o Sutiã? poderia ser um excelente curta-metragem de uns 20 minutos, em vez de um filme de uma hora e meia. Mas alguns colegas jornalistas adoraram. Quem sabe é o seu caso também?
De quem é o Sutiã? estreou nessa quinta-feira de Carnaval nas seguintes cidades: São Paulo, Rio de Janeiro, Palmas, Aracaju, Florianópolis, Maceió, Manaus, Curitiba, Rio Branco, Belo Horizonte e Niterói