Talvez muita gente não saiba, mas Pinóquio é um personagem que foi criado para um livro por um italiano. Carlo Collodi o criou em 1883 no romance serializado As Aventuras de Pinóquio. Mas, é claro, ele ficou conhecido mundialmente quando Walt Disney produziu o desenho em 1940. Essa é a versão que ficou na nossa memória afetiva. A história sempre foi uma paixão de Roberto Benigni. Ele inclusive chegou a estrelar e dirigir uma versão em 2002, que foi massacrada pela crítica. Essa produção está inclusive disponível no Looke (looke.com.br). Agora Roberto volta a essa história. Mas agora fazendo o papel de Gepetto, na super-produção Pinóquio. Estreia nessa quinta-feira nos cinemas.
O filme começa contando a história de Gepeto (Roberto Benigni). Ele é um solitário marceneiro que sonhava em ser pai. Começa então a construir um boneco de madeira. Só que de repente este ganha vida. Recebe então o nome de Pinóquio (Federico Ielapi). O problema é que o menino é aventureiro. A desobediência faz com que ele se perca. A partir daí, embarca em uma jornada repleta de mistérios e seres fantásticos. Isso o levará a conhecer de perto os perigos do mundo. Encontra vilões, e boas pessoas que o ajudam.
A crítica
A nova versão dá uma grande ênfase ao personagem de Gepetto, provavelmente pela presença de Benigni. Os exageros do ator continuam presentes. Mas pela sua própria obsessão com essa história, acaba se tornando tocante. O filme é visualmente belíssimo. Emprega efeitos quase mambembes. Um coisa que lembra uma patomima. É um espetáculo teatral. A maquiagem de madeira do Pinóquio ( o garoto é ótimo) é diferente e interessante.
O diretor Mateo Garrone prometia fazer uma adaptação fiel ao personagem original de Collodi. Com isso, apresenta uma trama mais sombria. É bem diferente daqueles que esperavam uma versão live action do desenho da Disney. Não é! Isso não seria um problema se o roteiro fosse mais bem amarrado. São claras a doçura e a boa intenção. Só que com suas duas horas e cinco minutos, há momentos em que a narrativa fica chata demais. A ênfase e a repetição das situações dos vilões do filme, o gato e a raposa, são insuportáveis. Ainda mais com o exagero dos closes nas interpretações histriônicas de Rocco Papaleo e Massimo Cecherini. Estas poderiam funcionar bem no teatro. No cinema não .
Com isso, creio que esse Pinóquio, que é, em tese, para a família, pode assustar as crianças menores. Afinal , há momentos que o filme parece um pesadelo. É bem realista no que diz respeito à crueldade, à pobreza. E especialmente sobre como os inocentes podem ser enganados. O filme estará nos cinemas nas versões legendadas e dubladas. O problema é que a legendada é dublada em inglês. Foi a que assisti. É bem estranho ouvir todas as vozes com um sotaque italiano carregadíssimo. Teria sido melhor deixar no italiano.
Outras versões que vem aí
Mesmo depois de tanto tempo, Pinóquio continua a ter um apelo especial para outros “meninos”. Robert Zemeckis está desenvolvendo um projeto sobre a história para a Disney, com Tom Hanks. O mesmo acontece com o diretor Guillermo del Toro, para a Netflix. Ele já declarou seu amor pelo personagem. “Nenhum outro personagem da história teve uma conexão pessoal tão profunda comigo como Pinóquio”.