Em 2018, uma montagem especial de Os Rapazes da Banda chegou à Broadway. O objetivo era celebrar 50 anos da primeira exibição ainda no circuito off-Broadway. De autoria de Mart Crowley, ela foi um evento marcante para a comunidade LGBTQ da época. Logo foi para o cinema nos anos 70. E agora, Ryan Murphy resolveu juntar o mesmo elenco da homenagem de 2018, e transformou num novo filme, que chegou ontem (30) na Netflix.
Ryan só é o produtor aqui, a direção ficou com Joe Mantello, que também havia sido responsável pela peça. Mas é claro que a assinatura de Ryan está em todos os lugares. Na trilha sonora, na direção de arte, nas cores, nos figurinos, no tema. E, é claro nos atores, com Jim Parsons, Matt Bomer e Zachary Quinto, que já estiveram em várias outras produções dele. O roteiro adaptado mais uma vez é de Mart Crowley, só que agora com a ajuda de Ned Martel. O filme, inclusive, é dedicado a Mart, que morreu no último mês de março. Ele manteve o momento em que o filme se passa, em 1968, mas a história continua extremamente atual.
A história dos Rapazes da Banda
Michael (Jim Parsons) está usando seu apartamento para oferecer uma festa de aniversário para seu amigo Harold (Zachary Quinto). Outros cinco amigos gays estão para chegar. Só que um colega da faculdade, Alan (Brian Hutchinson), que é hetero, chega de surpresa na festa. Aparentemente, ele não sabe que Michael também é gay, e sua presença acaba dando origem a certos acontecimentos inesperados. Completando o grupo, está o “presente” para Harold, um “cowboy” doce (Charlie Carver), mas com pouco cérebro.
https://www.youtube.com/watch?v=Sm2Ue8k3-yU
A crítica
Eu nunca vi a peça, que já foi montada no Brasil. E nem o filme dos anos 70 (não achei no streaming). Mas fiquei completamente envolvida por essa história. Há momentos de drama, de comédia, e ainda alguns incrivelmente românticos. E, é claro, há outros bem quentes, especialmente envolvendo Matt Bomer sem roupa. Sempre um belo espetáculo, rsrs! Muitos dos problemas são inerentes a qualquer gênero, em qualquer época, como a chegada da idade, a perda da beleza, a depressão, o racismo. Há ótimos diálogos, com gírias específicas, com referências ao cinema. Há um momento divertidíssimo em que Alan diz, “mas ele é casado!”. Impossível não rir com o resto do grupo.
A história lança várias perguntas, que acabam ficando sem resposta, especialmente o grande fator que provoca tudo, a presença de Alan na festa. Mas há outras, sobre as quais não vou falar aqui, com o risco de #spoiler. É impossível, entretanto, não falar do trabalho do elenco. Destaco especialmente Zachary Quinto, como Harold, com direito a entrada de estrela, totalmente diferente de outros papéis como em American Horror Story e Star Trek. E, por incrível que pareça, achei que o mais fraco deles era justamente Jim Parsons. Depois de tantos anos assistindo The Big Bang Theory, é impossível não ver os maneirismos de Sheldon Cooper em Michael. Talvez somente em seu diálogo final, ele consiga dar “uma cara” para Michael. De qualquer maneira, Os Rapazes da Banda, com sua linguagem assumida de teatro filmado, é mais uma bela produção com a assinatura de Ryan Murphy.