Eu já perdi as contas de quantas vezes assisti Um Príncipe em Nova York. Na época de seu lançamento, anos 80, Eddie Murphy estava no auge. E sinceramente, acho que é meu filme preferido dele. Diverte muito, e Eddie faz um personagem doce, diferente dos espertalhões que ele costumava fazer. É claro que o visual envelheceu, mas vale ver ou rever. Com certeza, você vai gostar. E também será uma maneira de se divertir mais com sua sequência, Um Príncipe em Nova York 2, que estreou nessa sexta na Amazon Prime Vídeo.
O filme era para ter sido lançado nos cinemas em agosto do ano passado. Mas aí veio a pandemia, e a Paramount preferiu contar com um dinheiro certo e vender para os direitos para a Amazon. Diz a lenda que o valor seria algo por volta de 125 milhões de dólares. Um bom negócio, já que, com um custo de produção de 60 milhões, o filme teria que ter feito no mínimo 300 milhões no mundo, para alcançar esse retorno. E vamos combinar? Já faz tempo que Eddie Murphy perdeu o apelo de bilheteria que ele tinha na época do primeiro filme, que rendeu 288 milhões no mundo.
A história
Desnecessário dizer que a sequência não é nem tão divertida, nem tão fofa como o original. Mas eu ri várias vezes. E ainda adorei as referências ao primeiro filme – até relembrando as participações de Don Ameche e Ralph Bellamy. Para quem gosta tanto do primeiro filme como é o meu caso, é provável que embarque nesse segundo. Assim como na vida real, 30 anos também se passaram no reino de Zamunda. Agora prestes a assumir o trono, Akeem (Eddie Murphy) descobre que tem um filho que ele não conhece. E que que pode ser o seu herdeiro do trono. Afinal só homens podem assumir o reino, mesmo que Akeem tenha uma filha preparada para assumir o governo (Kiki Layne, ótima). Assim Akeem e seu confidente Semmi (Arsenio Hall) embarcam em uma jornada que os levará de volta ao Queens.
A crítica
O filme tem uma bela produção. Tem um efeito especial que rejuvenesce Eddie Murphy, recriando cenas do primeiro filme. O figurino, incrível, é de Ruth E. Carter, que ganhou o Oscar por seu trabalho em Pantera Negra. Aliás, há várias referências a esse filme e também a O rei Leão. O elenco está quase todo de volta, inclusive o veterano James Earl Jones como o rei, com aquela voz maravilhosa. Chegando na história estão Leslie Jones, Tracy Morgan (sem graça como sempre), e Wesley Snipes. Este rouba o filme, divertidíssimo, como o vilão, o General Izzi. Suas entradas, sempre dançando, são hilárias. Além disso, há algumas participações especiais, que divertem como a de Morgan Freeman e da cantora Gladys Knight.
O filho, LaVelle, é feito por Jermaine Fowler, da série Crashing. E a história da busca do amor verdadeiro se repete. Pena que sem o mesmo charme. Às vezes, chega a ser melancólico. O filme ainda desesperadamente tenta se ajustar aos novos tempos. A importância da mulher, e a necessidade de modernidade e do politicamente correto. Isso é legal, mas não necessariamente divertido como o anterior. Os melhores momentos acabam sendo aqueles em que fazemos uma viagem no tempo com as visitas à barbearia. Os personagens Clarence, Saul, Morris, todos feitos por Eddie Murphy e por Arsenio Hall, continuam divertidos com suas línguas ferinas. São momentos de nostalgia, que relembram tempos tão legais que já vão longe, mas que continuam inesquecíveis.
Curiosidades
A filha do meio de Akeem e Lisa, Omma, é feita pela filha de Eddie Murphy na vida real, Bella Murphy. Já Colin Jost, de Saturday Night Live, e marido de Scarlet Johansson, faz o Mr. Duke, que entrevista LaVelle para um emprego.