Eu adoro filmes sobre grandes investigações jornalísticas. Meu preferido ainda é Spotlight: Segredos Revelados (Star Plus) Mas há outros tantos, como Todos os Homens do Presidente, The Post, Zodíaco, entre outros. E agora, estreia nesta quinta nos cinemas um novo belo exemplo dessa linha. É Ela Disse, que conta a história das jornalistas que investigaram a história do assédio do executivo da Miramax, Harvey Weinstein. E que acabou sendo responsável pela criação do movimento #MeeToo. Vale a pena ver!
O filme segue a história das duas jornalistas do New York Times que mudaram Hollywood. Megan Twohey e Jodi Kantor escreveram uma das histórias mais importantes de uma geração, que quebrou décadas de silêncio em torno do assunto de agressão sexual em Hollywood. Em 2017, a repórter do New York Times Jodi Kantor recebeu uma denúncia de que a atriz Rose McGowan foi abusada sexualmente pelo produtor Harvey Weinstein. McGowan inicialmente se recusa a comentar, mas depois liga de volta para Kantor e descreve um encontro em que Weinstein a estuprou quando ela tinha 23 anos. Kantor também fala com as atrizes Ashley Judd e Gwyneth Paltrow, que descrevem seus próprios encontros sexuais com Weinstein. Entretanto, elas pedem para não serem citadas no artigo por medo de um golpe na carreira. Frustrada com a falta de progresso em sua investigação, Kantor recruta Megan Twohey para ajudar com a matéria.
O que achei?
O filme estava sendo lançado nos cinemas americanos quando eu estava em Nova York. A divulgação foi ótima, as atrizes estavam em todos os programas de entrevistas. Entretanto, Ela Disse foi um grande fracasso por lá. Eu tenho a minha tese sobre a razão. É uma época de festas (época do Thanksgiving). E a maioria das pessoas quer ver filmes leves e até bobinhos. E Ela Disse não tem nada a ver com isso. É um filme difícil. Com um pouco mais de duas horas, é extremamente detalhista sobre o drama dessas duas mulheres em busca da verdade. Chega até a ser exaustivo. Entretanto é um filme forte, sobre como a luta para descobrir a verdade é uma coisa tão intrinsecamente ligada ao jornalismo. E infelizmente em vias de extinção nos dia de hoje.
O que salta aos olhos é que a direção de Maria Schrader é extremamente respeitosa com essas mulheres. Era esperado, afinal uma mulher pode entender situações de assédio pelas quais todas nós passamos, em diferentes níveis. O filme ainda faz um mix perfeito das histórias dessas mulheres com a vida das duas jornalistas. E dá ênfase sobre como elas foram consumidas por tudo isso. Você se identifica com ambas, e quando finalmente atingem o objetivo, é impossível não se emocionar junto com as duas.
E isso está diretamente ligado às duas ótimas interpretações de Carey Mulligan e Zoe Kazan , que são amigas na vida real. Elas ainda tem um suporte perfeito de Patricia Clarkson e Andre Braugher como os editores do New York Times. E há participações especiais, de poucas cenas de atrizes sensacionais como Jennifer Ehle (ela sempre me faz chorar), e Samantha Morton.
E as famosas?
Ainda há as participações das famosas que foram vítimas de Harvey. Rose McGowan foi a única que preferiu não usar sua própria voz. Ashley Judd inclusive aparece como ela mesma, e sua cena final é emocionante. E ainda há Gwyneth Paltrow, que usou sua voz. Só pra lembrar, na época em que sofreu o assédio de Harvey Weinstein, Gwyneth namorava Brad Pitt. Ela contou a ele, que nada fez, e ainda trabalhou com Harvey posteriormente. Mas, agora o filme é produzido por Brad. Talvez seja uma maneira de se mostrar arrependido.