Você provavelmente vai ler em vários lugares que Olhos da Justiça, que estreou esta semana nos cinemas do país, é inferior ao filme em que é baseado, O Segredo dos seus Olhos. Para quem não conhece, o original é uma produção argentina, estrelada por Ricardo Darin, que inclusive ganhou o Oscar de filme estrangeiro. Em minha opinião, apesar de ter basicamente a mesma história, são filmes bem diferentes. E ambos são bons.
Em Olhos da Justiça, o filme trata de um acontecimento violento, a morte da filha de uma investigadora (Julia Roberts, também produtora). E principalmente como isso afetou não só a sua vida como também a de seu parceiro e amigo (Chiwetel Ejiofor, que concorreu ao Oscar por 12 Anos de Escravidão). Treze anos depois do crime, eles vão se reencontrar, quando um novo suspeito do crime é localizado. Um detalhe importante é que o diretor de O Segredo dos seus Olhos, Juan José Campanella, entra aqui como produtor.
O destaque aqui é Julia Roberts. Mais uma vez, como em Álbum de Família, ela deixa de lado a sua vaidade e se apresenta destruída como a mulher que perdeu a filha. Aliás, a cena da descoberta do corpo da menina emociona, com a entrega total de Julia. Por outro lado, Nicole Kidman parece uma estrela de cinema como a advogada (e depois juíza). Linda, etérea, mas ainda com óbvios problemas para mexer os músculos da face, ela torna fácil de acreditar como o investigador Chiwetel Ejiofor se apaixona por ela.
Não há grandes mudanças na história de um filme para outro. Provavelmente a maior é a transformação do personagem que sofre a perda de homem (em O Segredo...) para uma mulher (em Olhos da Justiça). Mas a forma de abordar a história é tão diferente, que parece outro filme. Pode ser que você não tenha a grande surpresa no final, como em O Segredo..., mas se deixar o preconceito de lado, vai com certeza aproveitar bastante o clima e Olhos da Justiça como um todo.