Outro dia, conversando com uma amiga sobre 12 anos de escravidão, falei sobre a minha dualidade de sentimentos com relação ao filme. Por um lado, acho extremamente importante que este assunto tenha sido trazido ao conhecimento do público. Uma parte horrenda da história que a maioria das pessoas não tem a menor ideia e todas as atrocidades cometidas. Ou seja, o argumento do filme é eficiente e merece seu lugar de destaque entre as produções cinematográficas.
Por outro lado, a realização do filme deixa a desejar. Quadradinho no formato, arrastado em alguns momentos, o filme dirigido por Steve McQueen é mediano como cinema, acadêmico demais, não trazendo nada de novo ou de instigante na forma de contar uma história. Ou pelo menos não que valha uma indicação ao Oscar de melhor filme.
Inspirado numa história real, 12 Anos de escravidão conta o que aconteceu com Solomon Northup (Chiwetel Ejiofor). Um homem livre, que estudou e toca violino, ele é sequestrado e vendido como escravo. As tentativas de dizer quem é são todas frustradas. Ele logo é vendido para um fazendeiro (Benedict Cumberbatch), que é razoavelmente bom para ele. Mas logo ele é repassado para Edwin Epps (Michael Fassbender), um homem enlouquecido e mau, casado com uma megera assustadora (Sarah Paulson, ótima). Lá ele conhece Patsey (Lupita Nyong’o, na sua estreia no cinema), por quem o dono da fazenda é obcecado.
No elenco, todos estão muito bem. Chiwetel Ejiofor tem uma atuação forte, que lhe valeu um reconhecimento depois de anos como coadjuvante em filmes como Simplesmente Amor, Um Crime Perfeito e 2012. Lupita Nyong’o como Patsey tem várias cenas importantes e provavelmente deve levar o Oscar de coadjuvante. Outras participações memoráveis incluem Benedict Cumberbatch, Alfre Woodward, Brad Pitt e Paul Giamatti. Mas na minha opinião quem brilha mais é Michael Fassbender. Um homem apaixonado, obcecado, enlouquecido, seu Edwin Epps é especial. Uma pena que nas premiações deste ano ele tem a concorrência direta de Jared Leto, de O Clube de Compras de Dallas, que está absolutamente fantástico. Pena para ele e ótimo para nós que podemos observar estes dois grandes atores em cena.
No Oscar deste ano 12 anos de escravidão concorre em nove categorias. Filme, direção (Steve McQueen), ator (Chiwetel Ejiofor), atriz coadjuvante (Lupita Nyong’o), ator coadjuvante (Michael Fassbender), figurino, edição, cenografia e roteiro adaptado. Entre os prêmios mais importantes já ganhou o BAFTA e o Globo de Ouro. Mas será que leva o Oscar principal? Ou repetirá a história de Lincoln no ano passado que era o favorito e acabou levando só um prêmio?
Eliane Munhoz
Rafael Soares
23 de fevereiro de 2014 às 1:11 pm
Eu entendo plenamente você. Acho de fato um filme muito importante e que nunca troca a realidade por algo mais digestível ou deixa de mostrar cenas mais fortes. Por isso, a academia tem quase a obrigação de prestigiar o filme, mas “melhor filme”, hum… Não sei, acho o mais digno, mas de certa forma um pouco demais num ano que teve “Gravidade”, “Ela” e “O Lobo…”.
Eduardo Pepe
24 de fevereiro de 2014 às 7:29 pm
Sou do time Gravidade, mas entendo as qualidades do filme.