Quando eu era menina, pelo menos uma vez por ano era exibido na TV o clássico Os Dez Mandamentos, com Charlton Heston como Moisés. Sempre brinco que Hollywood me ensinou muito sobre religião. Afinal, vários filmes sobre histórias bíblicas foram produzidos na sua fase áurea, nos anos 40 e 50 . E agora, parece que a moda voltou ao cinema. Depois do sucesso de bilheteria de Noé, chega aos cinemas Êxodo: Deuses e Reis.
Estrelado por Christian Bale (ótimo como sempre) no papel de Moisés, não aborda o início da história, quando Moisés é colocado num cesto e encontrado pela irmã do faraó, como vimos em Os Dez Mandamentos. Aqui tudo começa com Moisés adulto, sendo criado ao lado de Ramsés (Joel Edgerton, em papel recusado por Chris Isaac e Javier Bardem). Acompanha a descoberta sobre sua origem judaica, assim como a busca por um caminho para levar milhares de escravos de volta a Canaã.
O filme tem vários destaques. Além do óbvio, a presença de Christian Bale, que dá credibilidade a qualquer papel, Êxodo tem muitos efeitos especiais interessantes, especialmente quando mostra as pragas do Egito. Depois de um início de tirar o fôlego com guerras e enfrentamentos entre Moisés e Ramsés, o ritmo cai no meio, quando fica um pouco cansativo ao acompanhar Moisés pelo deserto e sua tentativa de virar um criador de cabras. O ponto alto é obviamente a abertura do Mar Vermelho.
Uma coisa interessante é que ao contrário de filmes anteriores sobre o assunto, Ridley Scott parece sempre querer dar uma explicação científica para o que acontece. Preste atenção especialmente no momento das pragas e no Mar Vermelho. Isso levantou alguns protestos assim como colocar uma criança como Deus e a escolha de atores que não eram das respectivas raças para a história.
Esses pontos realmente não me incomodaram. O ponto negativo do filme é que é um pouco longo (além de ter vários finais) e eu esperava um pouco mais de ritmo de Ridley Scott. Afinal, ele dirigiu Gladiador, mas aqui, infelizmente, não está em sua melhor forma. Minha sensação é que ele não tinha amor pela história, pelo filme. Me pareceu um pouco “sem alma”. Talvez por isso o filme não tenha ido tão bem quanto se esperava nas bilheterias americanas. Vamos ver por aqui…
Eliane Munhoz