Algumas vezes você tem que fazer escolhas na vida. Semana passada foi uma delas. As sessões para imprensa de Brooklin (indicado a 3 Oscars – filme, atriz e roteiro adaptado) e Horas Decisivas (com o lindo Chris Pine) aconteceram no mesmo dia e hora. Ou seja, você tem que fazer uma escolha. E, no meu caso, Chris Pine falou mais alto ( a minha opinião sobre o filme estará aqui na semana que vem). Mas, meu grande amigo, o cineasta Alfredo Sternheim foi assistir Brooklin, e escreveu um texto super rico sobre o filme aqui para o Blog de Hollywood. Dê uma olhadinha, no final acho que fiz uma boa escolha (rs)!
Faltou romantismo em Brooklin
Saoirse Ronan já coleciona vários prêmios desde que iniciou a sua carreira de atriz por volta de 2003. Nada mal para quem completa 22 anos em abril. Agora, o seu trabalho em Brooklin (Brooklyn), que estreia amanhã (11) nos cinemas, já laureado em algumas mostras e associações de críticos (como a de Nova York), é finalista para o Oscar de melhor atriz. É a segunda vez que isso ocorre; a primeira foi em 2008 como coadjuvante do belo e perturbador Desejo e Reparação. Só que a atual indicação do desempenho dela e também do próprio longa ao Oscar de melhor filme de 2015, causam estranheza.
Praticamente, Saoirse carrega a trama nas costas, não aparece apenas em algumas rápidas cenas de flashback de sua personagem, Eilis, a irlandesa que resolve deixar a sua pátria nos anos de 1950. Ela viaja para Nova York onde um padre de sua nacionalidade tratou de lhe arrumar acomodação e trabalho na região do Brooklyn. Tanto na pensão onde mora como na loja em que passa a ser vendedora, ocorrem os principais problemas de adaptação da jovem ao novo mundo, com ênfase na saudade que sente da mãe e da irmã. Nesses aspectos, a narrativa vai bem, realçando a auto repressão de Eilis diante de normas e sentimentos que lhe eram até então desconhecidos.
Mas na segunda metade, após o surgir de um romance com o encanador Tommy (Emory Cohen), a credibilidade e a emoção se diluem. Isso porque o roteiro adaptado de Nick Horbyn (também finalista ao Oscar) se preocupa em registrar comportamentos individuais e típicos, mas não dá clareza para certas mudanças íntimas e radicais de Eilis. Por isso, e pela atuação interiorizada ou contida de Saoirse ao lado da composição artificial de Emory – que parece mais empenhado em imitar Marlon Brando quando jovem – o romantismo e a sensualidade vão para o espaço, se perdem.
Não obstante essa falta de pegada ou empatia entre os dois intérpretes que parecem contaminados pelo pudor da época da trama, Brooklin como encenação é um primor. O diretor John Crowley (do thriller Circuito Fechado, com Eric Bana e Rebecca Hall) se mostra e cuidadoso e inspirado no uso da luz e dos ângulos que, graças também a uma ótima produção, nos permite reviver o clima dos anos de 1950 e as dificuldades dos emigrantes. E, apesar dos tropeços apontados, ele garante um belo final.