Zona de Interesse concorre a cinco Oscars: melhor filme, som, filme estrangeiro e direção e roteiro (ambos de Jonathan Glazer). No BAFTA, que ocorre no próximo domingo (18), são 9 indicações, inclusive também melhor filme e filme britânico (é uma coprodução com a Polônia). A carreira premiada de Zona de Interesse começou em Cannes, onde recebeu a Palma de Ouro. Com isso tudo, é o grande favorito ao Oscar de filme estrangeiro. O filme estreia nessa quinta nos cinemas, mas , sinceramente, me decepcionei.
Começando pela história, Rudolf Höss (Christian Friedel), um comandante do exército alemão na Segunda Guerra, e sua esposa Hedwig (Sandra Hüller, de Anatomia de uma Queda), desfrutam de uma vida aparentemente comum e bucólica, em uma casa com jardim. Mas, por trás da fachada de tranquilidade, a família feliz vive, na verdade, ao lado do campo de concentração de Auschwitz. O dia-a dia destes personagens se desenrola entre os gritos abafados de desespero, de um genocídio em curso, do qual, eles também são diretamente responsáveis.
O que achei?
A história se baseia no livro de Martin Amis, que faleceu no dia em que o filme estreou em Cannes. Parte de um princípio interessante, no qual você acompanha o dia a dia de uma família, que aparentemente não se comove – muito pelo contrário – com a grande tragédia que acontecia no campo de concentração vizinho. Hedwig fala do trabalho que teve com flores, com jardim, com as crianças. E principalmente se revolta com a possibilidade de uma mudança , de ter que deixar seu pequeno paraíso. Nós, a audiência, ouvimos os gritos e os tiros que vem do lado de lá dos muros. Uma visita, que parece ser um pouco mais humana, vai embora abruptamente após ver os fornos funcionando tarde da noite pela janela.
A ideia, como eu disse, é muito boa. Uma pena que em sua segunda metade o filme se perca. Não vou entrar em detalhes sobre o que acontece para não dar spoilers. Mas há uma determinada cena em que Hoss passa mal numa escadaria, e o filme passa a mostrar cenas atuais, para depois voltar para Hoss. Há várias formas de interpretar essa cena – algumas com mais, outras com menos profundidade. Para mim, pareceu apenas um erro de direção, onde é necessário uma explicação.
E no final…
Entretanto, toda a crítica – e obviamente os votantes da Academia – adora. Mas sinceramente, achei o filme mal solucionado, e senti falta de um final mais satisfatório. Ficou uma sensação de frustração.