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Filme sobre Bolero, de Ravel, cansa e mostra pouco do autor

Quando comecei a trabalhar com home vídeo há alguns milhões de anos, lembro-me que havia um filme que sempre vendia ainda no formato VHS. Era Retratos da Vida, de Claude Lelouch, atualmente indisponível no streaming. Nele, a música Bolero, de Ravel, tinha grande importância na história. Até hoje, a música já foi regravada  – e reinterpretada – nas mais diversas línguas, com os mais diversos arranjos, como é belamente mostrado logo no início de Bolero: A Melodia Eterna, que estreou hoje (17) nos cinemas. O filme conta a história de Maurice Ravel, o autor da música. Tem uma bela direção de arte, e claro, a maravilhosa música, mas é extremamente cansativo. Uma pena.

O foco principal do filme é o processo criativo que o levou a criar um dos maiores clássicos da música do último século. Em 1928, a coreógrafa Ida Rubinstein encomenda uma trilha especial para embalar a nova apresentação de balé do seu grupo de dança. Enfrentando um grande bloqueio criativo, Maurice revisita seu passado para encontrar a inspiração necessária. Ele relembra os desafios do início de sua carreira, das marcas e traumas da Grande Guerra, e até os amores impossíveis que gostaria de ter vivido. Bolero acompanha os seis anos entre o pedido de Ida e a primeira performance pública da música. E ainda mostra a dualidade da obra, e principalmente,  a relação do compositor com ela. Tudo em meio aos anos loucos e vibrantes da Paris dos anos 20.

O que achei?

A diretora Anne Fontaine tem um estilo todo próprio, romântico e lento. Eu gosto muito de um filme seu chamado Gemma Bovery – A Vida Imita a Arte (disponível no Looke). E ela gosta de biografias. Um de seus filmes mais famosos é a biografia de Coco Chanel, Coco Antes de Chanel, indicado ao BAFTA, e disponível atualmente para aluguel e compra nas plataformas digitais. E agora ela se aventura em outra, dessa vez a de Maurice Ravel. Uma pena é que ela se perde totalmente para contar a história do compositor. Senti falta de conhecer melhor o biografado. Isso porque todas as situações parecem jogadas na tela, especialmente porque a atuação monocórdica de Raphael Personnaz não envolve, e você não consegue visualizar o grande talento de Ravel.

Na verdade, há momentos em que a obsessão do músico pelos sons tornam-se sonolentos. Repare na cena em que ele pede que uma prostituta coloque as luvas femininas somente para ouvir o barulho disso. Parecem várias sessões de ASMR juntadas. Já os momentos musicais são excessivamente longos –  provavelmente profissionais da música irão adorar. Mas até mesmo a grande apresentação da música pela primeira vez para o público parece infindável. O ritmo do filme, apesar de ser um filme sobre um determinado ritmo, é pouco inspirado, e dá sono. Parece interminável. Melhor rever Retratos da Vida em meu DVD aqui em casa.

 

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