É bem provável que pouca gente conheça a história de Angela Diniz. O seu assassinato aconteceu no final dos anos 70, é seu assassino, o namorado , Doca Street , usou como argumento a “legítima defesa da honra”. Coisa mais absurda. Lembro que mesmo pequena, achei aquela história muito maluca. E o pior de tudo é que somente neste ano (2023) o uso de “legítima defesa da honra” foi considerada inconstitucional pelo STF.
O filme Angela, que estreia nessa quinta nos cinemas, conta a história de como Angela e Doca se conheceram numa festa. Na época, os dois tinham relacionamentos com outras pessoas, entretanto, a paixão foi muito forte. Só que logo Doca começou a se mostrar ciumento e violento. E o assassinato foi só uma questão de tempo.
O que achei?
Há duas maneiras de assistir Angela. A primeira é para conhecer uma história que marcou época. E que deve ser lembrada sempre, especialmente com a quantidade de feminicídios que acontecem todos os dias. A outra, é uma análise do filme como cinema. Angela é uma tragédia anunciada. Todo o momento é perceptível o final trágico dessa história, mesmo que não se conheça. É pesado, em vários momentos é difícil de ver . No final, há até um certo alívio da audiência. Para quem conhece a história verdadeira, entretanto, a sensação que fica é que o filme não faz jus à personagem real.
Há uma boa direção de arte ( apesar do fotografia de novela), mas Isis está muito moderna para refletir os anos 70 (cabelo, maquiagem, figurino) como Angela. Como atriz está correta, mas não excepcional. Já Gabriel Braga Nunes, que é bem mais velho que o verdadeiro Doca na época, faz o de sempre. Chego a conclusão que Gabriel não é realmente um ator, faz sempre ele mesmo. No final, quem se sobressai mais é Alice Carvalho (Segunda Chamada) como a caseira. Ótima.