Semana passada os astros da nova versão de Ben-Hur, Jack Huston e o brasileiro Rodrigo Santoro, estiveram no Brasil para a divulgação do filme, que vai estrear no Brasil no próximo dia 18. Estavam cercados de grande aparato, com interesse de jornalistas de várias mídias, especialmente pela interpretação de Rodrigo como Jesus Cristo. O que provoca uma outra constatação: como Hollywood vem investindo numa nova onda de filmes com o tema cristão que vem sendo produzidos nos últimos anos.
Esse movimento se repete de tempos em tempos. Nos anos 50, Hollywood era responsável por espetáculos grandiosos, que visavam combater o início da televisão. Foi a época em que multidões iam aos cinemas para assistir filmes como O Manto Sagrado, Os Dez Mandamentos e até a versão mais conhecida de Ben-Hur, que ganhou 11 Oscars. Depois, os filmes do gênero começaram a rarear até Franco Zeffirelli fazer Jesus de Nazaré em 1977. Eles nunca deixaram de ser produzidos, mas não podiam ser mais considerados uma tendência cinematográfica. Até que recentemente Noé, estrelado por Russel Crowe, dominou as bilheterias, inclusive no Brasil.
Desde então, uma série de filmes vem sendo lançados nos cinemas, e posteriormente na TV, na Netflix e outras mídias. Veja só a listinha de alguns dos filmes que abordam a religião de alguma forma e que estão disponíveis para quem tem interesse no assunto:
– O Céu é de Verdade (Heaven is for Real , 2014)
Este filme estrelado por Greg Kinnear foi um sucesso totalmente inesperado nas bilheterias americanas. Fez mais de 90 milhões de dólares, um feito incrível já que era uma produção barata, mas baseada em fatos reais. Fala sobre o dilema de um pai de compartilhar as histórias que seu filho pequeno conta sobre sua visita ao céu após ter quase morrido. Parece um daqueles filmes que passavam na sessão da tarde há milhões de anos atrás, mas tem bons atores, o que possibilita momentos que chegam a emocionar.
– O Filho de Deus (Son of God, 2014)
O filme de 138 minutos depois foi lançado na TV com cenas extras como uma minissérie. A versão que vi nos cinemas conta de maneira bem acadêmica a história de Jesus desde a infância, passando pela crucificação e a ressurreição. O ponto positivo aqui é o ótimo ator português Diogo Morgado como Jesus. Ele realmente tem uma serenidade que não me lembro de ter visto em outros atores no papel.
–Little Boy – Além do Impossível (Little Boy, 2015)
O filme foi exibido exclusivamente em salas da Cinépolis em março deste ano. Para mim, é até agora o melhor filme que vi em 2016. Foi uma pena que poucos viram a fascinante história de um garotinho que, seguindo conselhos do padre da cidade, começa a fazer coisas (boas) que ele acredita que poderão trazer seu pai a salvo de volta da segunda guerra mundial. É lindo, emocionante e deve ser visto. Está disponível na Netflix.
– Milagres do Paraíso (Miracles from Heaven, 2016)
Tive a oportunidade de conversar com a estrela Jennifer Garner na época do lançamento deste filme nos cinemas. Ficou claro para mim na ocasião que ela efetivamente acreditava na história contada pela autora do best-seller no qual Milagres do Paraíso é baseado. Ela é a mãe de uma garotinha com uma doença incurável que é milagrosamente curada após um acidente. O filme não foi um grande sucesso de bilheteria, mas surpreendentemente ganhou o prêmio de melhor drama no último Teen Choice Awards. Parece até um milagre!
– Ressurreição (Risen, 2016)
O formato desse filme é bem interessante. Mostra como um soldado do império romano investiga o que teria acontecido após o desaparecimento do corpo de Jesus, que reapareceria depois em sua ressurreição. É quase uma história de detetives, com requintes de CSI da época. Uma pena que na metade final o filme se desvie para um caminho de redenção. Mas de qualquer maneira, é diferente do que se está acostumado a ver.
– O Jovem Messias (The Young Messiah, 2016)
Baseado no livro de Anne Rice que ela escreveu após abandonar os vampiros, conta a história da infância de Jesus, quando ele e sua família saíram do Egito para voltar para sua cidade natal de Nazaré. É uma perspectiva pouco conhecida de Jesus como um menino que vai descobrindo a força de seus poderes. O quase-vilão da história é Sean Bean, o Ned Stark de Game of Thrones.
E, é claro, que não se pode deixar de mencionar Os Dez Mandamentos, filme baseado na novela de grande sucesso da Record, que provocou uma comoção ao tornar-se o filme brasileiro com maior bilheteria da história, além da terceira maior deste ano. É claro que o fato de muitas salas não terem recebido o equivalente de pessoas para assistir ao filme levantou vários comentários na imprensa. Mas isso já é assunto para outra história…