Foi Apenas um Sonho está entre aqueles filmes que inexplicavelmente deixei para trás. Nenhuma razão especial, até porque ganhei o DVD, que está por aqui, e acabei nunca vendo. Kate Winslet é uma de minhas atrizes preferidas, e ela ganhou o Globo de Ouro por esse papel. Isso sem contar a química dela com Leonardo DiCaprio, que é incrível. O filme foi indicado para três Oscars: coadjuvante (Michael Shannon), direção de arte e figurino. Bem, mas agora veio a vontade de ver, especialmente depois de ler essa crítica de meu amigo José Augusto Paulo, que também não assistiu o filme na época. Só um detalhe, como ele vive na Europa, menciona que lá o filme está disponível an Netflix. Aqui no Brasil ele está no Telecine.
Foi Apenas um Sonho
Não lembro porque não assisti Foi Apenas um Sonho quando lançado em 2009. Gosto do trabalho de DiCaprio, Winslet, Bates. E também admiro muito os projetos de Sam Mendes (1917, Skyfall, Beleza Americana), seja em teatro, seja em filme. Mas não vi na época e agora, por acaso, Netflix o sugeriu como um ‘top pick’ para mim. Achei que era hora de assistir.
A história de Foi Apenas um Sonho poderia parecer banal. Um casal, que vive no subúrbio de Connecticut, tenta resolver seus problemas e crises depois de dois filhos e alguns anos de casamento. Parece tedioso, não é? Mas esse filme é tudo, menos isso.
Começa mostrando os dois personagens principais, Frank e April. Eles são feitos por DiCaprio e Winslet, em atuações que parecem se basear uma na outra, com uma continuidade excelente. Os dois se conhecem em uma festa. E logo o filme pula para o momento em que estão vivendo em uma casa confortável em Revolutionary Road. April tenta ser atriz, mas não consegue, enquanto que Frank vai de trem diariamente para um trabalho que não o satisfaz. É nesse momento que April tem uma ideia para mudar a vida dos dois radicalmente. É esse o centro da história: mudar ou não mudar. Especialmente o que pode ocorrer uma vez que a decisão tenha sido tomada.
A crítica
O filme é visualmente lindo, com aquelas cores pastéis em toda parte. O design elegante dos anos 50 (me peguei querendo morar na casa deles, trabalhar no escritório dele, etc), os diálogos claros, bem interpretados. E ainda um movimento e câmera elegante, discreto, mas constante. Uma produção cuidadosa que não esquece de cada detalhe. Mas, curiosamente, mantém as crianças fora da maioria das cenas importantes. Elas só aparecem em três cenas e cada vez que há tensão ou intensidade, nunca estão por perto. E nem há explicação de onde estão, como se o filme fosse a adaptação de uma peça. Há momentos em que lembra Beleza Americana. Especialmente na vida suburbana, nas ações dos personagens quando sozinhos em cena.
Sam Mendes entende de teatro também. Usa as facilidades do cinema para expandir cenas e locações de Foi Apenas um Sonho. Adiciona ainda mais elegância em um filme refinado, que faz pensar, que questiona, e principalmente, entretem.