Talvez hoje pouca gente se lembre de Golda Meir, que foi a primeira-ministra de Israel em uma época difícil, durante a guerra do Yom Kippur. Lembro-me dela quando era menina, uma senhorinha bem velha – e não poderia imaginar na época a força, a determinação e o poder dessa mulher. Isso lá nos anos 70, o que significa mais ainda. Lembro-me também de um filme de 1982 com Ingrid Bergman chamado Uma Mulher chamada Golda, que lhe rendeu o Emmy de atriz. Agora, outra grande atriz personifica Golda Meir em um filme, que chega esta semana aos cinemas. Helen Mirren tem mais um papel forte de uma mulher importante da história – como em A Rainha – em Golda – A Mulher de uma Nação. Entretanto, o filme poderia ser uma homenagem melhor tanto à Golda quanto para o talento de Helen.
A primeira-ministra israelense Golda Meir (Helen Mirren), também conhecida como a “Dama de Ferro de Israel”, deve tomar decisões extremamente importantes. Ela é a responsável pela segurança de seu país em 1973, quando Egito, Síria e Jordânia lançaram um ataque surpresa contra Israel em seu dia santo. Durante a Guerra do Yom Kippur, as dos habitantes de seu país são de sua responsabilidade.
O que achei?
O filme é contado em flashback por Golda a juízes que investigam se suas ações foram corretas durante a guerra. É quando ela detalha todos os acontecimentos imediatamente anteriores, e ainda todas as ações que aconteceram durante e após a guerra de 19 dias. Não há cenas de guerra, somente podem se ouvir gritos num transmissor. Tudo se passa nos bastidores políticos, com Golda interagindo com seus assessores e ministros mais próximos. O problema é que logo isso se torna repetitivo e cansativo. Há um grande peso sobre as costas de Golda, especialmente o das vidas perdidas – e a possibilidade de que seu país seja dominado pelos invasores árabes.
O filme ainda mostra a luta de Golda em seu tratamento de saúde, o que lhe provoca também pesadelos terríveis (mostrados para o público). Mas nada que fosse suficiente para que ela deixasse o vício do cigarro. A quantidade de cigarros que ela acende no filme é absurda – chega a incomodar.
Helen Mirren
Nesse ponto, há o triunfo do filme que é a atuação de Helen Mirren. Sempre uma atriz sensacional, ela atua sob uma pesada maquiagem. Mas, mesmo assim, é possível sentir todas as nuances de sua atuação. Repare nas cenas em que a câmera focaliza em Golda andando. A mudança física de Helen para o papel é sensacional. O interessante é que não houve reclamações a respeito da prótese do nariz que Helen usa, ao contrário do que aconteceu com Bradley Cooper. Será que porque Golda é um filme menor, ou porque se trata de uma mulher mais velha? Fiquei curiosa pelos “dois pesos e duas medidas”.
As melhores cenas do filme são as de Golda com o secretário de estado americano Henry Kissinger. Feito por Liev Schreiber (que tem provavelmente o dobro de altura do Kissinger real, rsrs), as cenas mostram um relacionamento interessantíssimo. São nas cenas com Kissinger que é possível ver a grande estadista que Golda Meir era. É pouco. Merecia mais.