Hollywood adora um renascimento. E Renée Zellweger teve um em grande estilo. Há alguns anos, acabaram com ela após uma foto em um evento, quando ela estava com uma maquiagem que a deixou com o rosto completamente diferente. Para fugir desse tipo de comentário que a deprimia, Renée ficou seis anos afastada do cinema e da TV. Voltou com um pequeno papel em Versões de um Crime, com Keanu Reeves. Depois vieram o terceiro filme de Bridget Jones, e a série What /If para a Netflix. Mas ninguém estava preparado para a incrível volta por cima como a que ela deu com Judy: Muito Além do Arco-Íris, que estreia essa semana nos cinemas. Renée já ganhou o Globo de ouro, o SAG’s, o Critics Choice, o Hollywood Film Awards, o National Board of Review, e vários outros. É a favorita para o BAFTA, que acontece no próximo fim de semana. E também para o Oscar, que terá lugar no dia 9. Se ganhar, será sua segunda estatueta – ela já tem uma de coadjuvante por Cold Mountain (2003).
O filme e a história de Judy
Tentar imitar a voz inimitável de Judy Garland, uma das maiores que já existiram, é só para quem tem muita coragem. Diz a lenda que Renée treinou por um ano com um técnico vocal. E ainda mais quatro meses com um diretor musical. É claro que a voz não é a mesma. Mas os trejeitos de voz, e alguns momentos especiais, fazem com que você realmente imagine que é Judy que está ali. Aliás, o filme, que conta a história dos tempos finais da carreira da estrela, tem sua base na atuação de Renée. Ele se passa no final de 1968, quando Judy, sem emprego e sem dinheiro nos Estados Unidos por causa de seu comportamento volátil, vai para Londres para uma temporada de shows. Ela morreria alguns meses depois, ainda na cidade, por overdose.
Mas o filme termina para cima (mesmo que eu tenha me acabado de chorar, talvez por saber de toda a história). Mesmo que seja um dos mais tristes que vi recentemente. Tanto talento, tanta vida, e ao mesmo tempo , tanto sofrimento. De qualquer maneira, antes disso, a gente acompanha os momentos em que Judy tenta fazer a coisa dar certo, mas não consegue. Afastada dos filhos, praticamente sem se alimentar, abusando de álcool e pilulas, Judy segue para um ponto sem retorno. O filme explica um pouco disso em algumas cenas de flashback, quando a adolescente Judy está no meio das gravações de alguns de seus grandes sucessos da época, com os filmes com Mickey Rooney e , é claro, O Mágico de Oz. Tudo o que ela passa naqueles momentos, especialmente com o chefão do estúdio Louis B. Mayer, dão um sentido ao que aconteceu posteriormente.
O elenco e Renée
O filme alterna momentos de música, com os grandes hits de Judy, com o drama dos bastidores. Mostra a relação com os filhos – veja se reconhece a crescida Bella Ramsay, a Lyanna de Mormont de Game of Thrones, como Lorna). E ainda com o pai deles, feito por Rufus Sewell. Também com os músicos e com a coitada que tinha que assegurar que ela entrasse em cena (Jessie Buckley, sempre ótima). Isso sem contar o último marido (Finn Wittrock), lindo, mas pouco confiável. O alívio de tranquilidade da história vem com o casal gay, fãs enlouquecidos da estrela. Eles, aliás, terão participação importante nos momentos mais emocionantes, justamente os finais.
É nesse momento, no palco, que Renée brilha ainda mais. Fazer aquela Judy, dá a ela o passe livre para ganhar todos os prêmios inimagináveis. Ainda não vi Harriet, com Cynthia Erivo, também indicada. Mas ser melhor que Renée nesse papel, acho pouco provável!