Kenneth Branagh é obviamente um apaixonado pelo personagem Hercule Poirot, o detetive dos livros de Agatha Christie. Já o interpretou e dirigiu dois filmes baseados em livros de Agatha: Assassinato no Expresso do Oriente e Morte no Nilo, ambos disponíveis no Star Plus. E agora, volta com um novo filme que vai estrear na quinta nos cinemas, A Noite das Bruxas. Este se baseia num dos últimos livros da autora. Confesso que apesar de ter lido boa parte da obra de Agatha, não me lembro deste.
Na história, Poirot está praticamente aposentado e vivendo em Veneza. Só que uma escritora amiga aparece em sua porta, convidando-o para ajudar a resolver um mistério. Os dois vão então para uma festa de dia das bruxas para crianças órfãs, que será seguido de uma sessão espírita em um palácio decadente e assombrado. Quando um dos convidados é assassinado, o detetive é jogado em um mundo sinistro de sombras e segredos. É quando mais uma vez, todos os envolvidos ficarão presos por uma noite no local até que Poirot descubra o culpado.
O que achei?
Primeiro a parte boa. Assim como Expresso do Oriente e Morte no Nilo, a fotografia e a direção de arte são impecáveis – Veneza está belíssima. A trilha sonora também é eficiente. Entretanto, assim como nos filmes anteriores, Branagh cria um Poirot que é bem diferente dos livros de Agatha Christie. E isso sinceramente me incomoda. Em A Noite das Bruxas, mais uma vez, você fica mais preocupado com o que Poirot está sentindo do que propriamente com quem é o assassino.
O filme tem um mix de investigação com filme de terror. Entretanto é cansativo ao extremo. Há diálogos intermináveis – todos num mesmo tom – que me fizeram ter uma grande luta interna para não pegar no sono. Os personagens são pouco interessantes – me senti dentro de um jogo detetive com o coronel Mostarda e Senhor Marinho, rsrs. Michelle Yeoh e Jamie Dornan tem pouco o que fazer. Kelly Reilly (Yellowstone) está exagerada como a mãe. Tina Fey parece que saiu diretamente de Only Murders in the Building para este filme, sem mudar nem o sotaque. Ricardo Scamarcio e Camille Cottin se saem melhor . Mas quem se sobressai mesmo no final é o garoto Jude Hill, que já tinha arrasado em Belfast, um trabalho bem superior do Kenneth Branagh.
Confesso que adoraria ver Kenneth Branagh fazendo um Poirot mais próximo do idealizado por Agatha Christie. E também que tivesse um cuidado maior com o roteiro. Sem esquecer também os exageros dos closes, que ele adora! Queria ter gostado dessa premissa envolvendo um lado maior de terror de A Noite das Bruxas, mas só me cansei.