Você obviamente já ouviu falar dele. E se você gosta de musicais, deverá concordar comigo que La la Land: Cantando Estações tem tudo para ser o melhor filme do ano. Se não gosta, pode até não achar isso, mas vai concordar que é um lindo filme, diferente de tudo que se vê por aí. O grande vencedor do Globo de Ouro (foram 7) e grande favorito ao Oscar, cujas indicações saem na próxima semana, é um filme para ser visto numa grande tela, com um ótimo som (lembre-se disso quando escolher a sala onde vai assistir). Assim, poderá ser totalmente envolvido, vai sorrir, se emocionar e sair completamente apaixonado por tanta beleza, assim como eu. Fazia muito tempo que não me sentia assim no cinema.
Eu obviamente sou fã de musicais. Vi uma centena deles, seja no cinema, na TV e no teatro. Isso faz com que consiga admirar ainda mais a vitalidade e o talento de Damian Chazelle, o diretor de apenas 31 anos. Ele já havia me impressionado há dois anos com o memorável Whiplash: Em Busca da Perfeição – cheguei a votar nele como um dos melhores do ano. Mas nada me preparou para esta linda história de amor entre uma aspirante a atriz, Mia (Emma Stone), e um músico frustrado, Sebastian (Ryan Gosling). Desde a primeira sequência, que foi inclusive parodiada na abertura do Globo de Ouro, a energia constante que o filme exibe, coma ajuda de uma trilha magnífica, é simplesmente devastadora. O filme começa a ser contado a partir do primeiro momento em que estes dois se cruzam, sem mesmo que eles saibam. E conforme o tempo passa, e as estações do título nacional também, eles enfrentam as idas e vindas de tudo pelo qual são apaixonados, inclusive a sua própria relação. Repare na delicadeza do uso das cores, na fotografia vibrante, na grande declaração de amor à cidade de Los Angeles, a terra dos sonhos.
Como disse, Chazelle, responsável também pelo roteiro, é um fã de musicais, e apresenta rasgadas homenagens que fazem com que qualquer amante do gênero fique completamente deliciado. A base principal é Os Guarda-Chuvas do Amor, de Jacques Demy, com Catherine Deneuve no papel principal. O uso das cores, das ruas, do sonho, do amor que não deu certo, do que poderia ter sido…mas não foi. Mas há mais, as referências à Cantando na Chuva, Roda da Fortuna, Sinfonia de Paris, Duas Garotas Românticas e até Casablanca (sei que não era musical mas tinha aquela cena de As Time Goes By…)
Sua jogada de gênio foi ter escolhido Gosling e Emma como o par principal. Assim como Deneuve e Nino Castelnuovo em Os Guarda-Chuvas do Amor, eles são como qualquer um de nós que vive um sonho que se tornou possível e outro que se tornou impossível. A sequência final representa exatamente isso, e assim se torna ainda mais bonita e emocionante. Ah, essas escolhas… Chorei sem parar durante toda a sequência.
O filme tem diversas participações bem especiais: o cantor John Legend, Finn Wittrock, de American Horror Story, e Tom Everett Scott, de The Wonders: O Sonho não Acabou, como dois homens na vida de Mia. E, claro, o ator querido de Chazelle, o maravilhoso J.K. Simmons, que ganhou um Oscar com Whiplash, que aparece aqui como o dono do restaurante.
Fico feliz de saber que a vitória histórica de La La Land no Globo de Ouro – é o maior recordista da história com sete troféus – tem possibilitado que muita gente queira conhecê-lo. O filme pode chegar perto dos 100 milhões de bilheteria nos Estados Unidos. Já conseguiu um acordo de distribuição na China, e esta semana estreia nos cinemas brasileiros, onde a expectativa é de grande sucesso. Afinal é um daqueles filmes que a gente deseja ver mais de uma vez.
Com certeza, você vai ouvir de algumas pessoas que o filme não é tudo isso. Não importa, nem preste atenção, afinal, como diz a canção, o filme é “para aqueles que sonham”.