Já começo avisando que essa Lady Macbeth do filme que estreia esta semana nos cinemas, não tem nada a ver com a versão de Shakespeare, a não ser pelas fortes personagens femininas da história. Essa aqui é baseada em um livro de um escritor russo dos anos 60, e se passa em 1865 na área rural da Inglaterra. Já começo dizendo que não é um filme fácil. Tem muitos silêncios e praticamente a ausência de uma trilha sonora. Mas é um filmão!
Katherine (Florence Pugh) é uma jovem mulher que se sente sufocada em um casamento sem amor com um homem amargo com o dobro de sua idade, e que ainda a rejeita. Além disso, tem também que lidar com o pai dele, sempre frio e hostil. Só que quando o marido some sem data para voltar, ela embarca em um apaixonado caso com um rapaz que trabalhava para seu marido. Logo, uma força extremamente poderosa nasce dentro dela, fazendo com que ela não pare diante de nada para conseguir exatamente aquilo que deseja.
O filme não defende nem condena a moça, nem mesmo em seus maiores momentos de frieza, onde ela não pensa duas vezes em tirar até inocentes que estão atrapalhando seus desejos. A câmera acompanha toda a transformação de Katherine, a princípio uma vítima enfadada, até a mulher que sabe como ninguém manipular situações e pessoas. Em momento algum, você vai deixar de ficar fascinado com essa história e principalmente, com essa personagem.
O elenco não é muito conhecido, mas é ótimo, especialmente a atriz principal, Florence Pugh, de apenas 21 anos. Suas expressões de frieza, de quem está arquitetando um monte de planos para se safar das situações, são incríveis. O destaque também vai para os figurinos e a direção de arte, simplesmente perfeitos. Outro ponto é para o diretor William Oldroy, que anteriormente havia feito apenas curtas, e aqui consegue manter a atenção e o interesse com o uso de praticamente nenhuma trilha sonora. Muito bom!