Já faz tempo que o Oscar está devendo uma estatueta para Bradley Cooper. Sinceramente, acho que ele deveria ter levado com Nasce uma estrela. Mas, não deu. E agora neste ano, ele vai ter que enfrentar Cillian Murphy (Oppenheimer). Sinceramente, acho que nem há como comparar. Em Maestro, Bradley é Leonard Bernstein. É também diretor, co-roteirista e produtor do filme. É um triunfo! Maestro estreia nos cinemas nessa quinta.
Para quem não conhece Leonard Bernstein, além de maestro, ele também foi um grande compositor. É co-autor de Amor Sublime Amor, por exemplo. Ficou famoso na direção da Filarmônica de Nova York, e ainda apresentou célebres concertos para jovens na televisão (Young People’s Concerts), entre 1954 e 1989. Foi uma das figuras mais influentes na história da música clássica americana, e foi inspirador das carreiras de uma geração de novos músicos. Além de mostrar os destaques de sua carreira, o filme se concentra principalmente em seu tumultuado casamento de 25 anos com Felicia Montealegre (vivida de maneira maravilhosa por Carey Mulligan).
O que achei?
O filme começa com o momento que muda a vida de Leonard. Quando ele é convidado a assumir a Filarmônica de Nova York. A partir daí, você já consegue sentir que o filme será marcado pela exuberância. Não apenas do ponto de vista cinematográfico, com uma câmera ágil, e um cenário grandioso. Mas especialmente por querer mostrar como Leonard era uma dessas personalidades que o cinema gosta de denominar como “maior do que a vida”. Além de um gênio da música (e saber disso), Leonard tem uma maneira muito peculiar de enxergar sua vida pessoal.
O filme deixa claro que o amor pela esposa é enorme desde o início. mas isso não o impedia de ter seus casos gays. Inclusive trazendo-os para dentro de casa, como se fosse a coisa mais normal do mundo. Bradley deixa claro que isso era uma coisa muito natural para ele. É uma personalidade fascinante. E a esposa Felicia não fica atrás. Desde o primeiro momento, a partir do momento em que ela vê o personagem de Matt Bomer, o namorado anterior, Carey Mulligan deixa claro que percebe qual é a situação. mas, mesmo assim, vai em frente. Tanto Leonard como Felicia sentem um amor incomensurável um pelo outro.
A admiração
Bradley Cooper, tanto em sua atuação como na direção, demonstra grande admiração por Leonard. Nem a comoção por causa da história do nariz pode manchar isso. Bradley está determinado a todo o custo fazer com que todos entendam o talento absurdo do biografado. Com isso, apresenta algumas sequências que são divinas. É o caso da imaginação do balé de Um dia em Nova York, e principalmente a recriação da cena em que Leonard rege a London Symphony Orchestra em Ressurreição de Mahler. Esta leva seis minutos, e Bradley estudou por seis anos – diz a lenda – para conseguir transmitir com apuro aquele momento histórico.
É claro que estas cenas afetam o ritmo do filme. Alguns poderão achar chato. Mas tudo é tão grandioso e poderoso, que é mais uma forma de Bradley demonstrar o talento de Leonard. E, de resto é tudo perfeito. Seja a mudança de preto e branco para cores, de diferentes proporções de telas. O som, o elenco, a direção de arte, a maquiagem (merecedora de Oscar), tudo é fenomenal. Isso sem falar no som, o que inclusive faz com que assistir o filme no cinema seja ainda mais recomendado.
Assim como Nyad, e O Assassino, Maestro também vai estrear nos cinemas pouco antes de chegar na Netflix (chega no dia 20 por lá). É uma estratégia interessante. Pessoalmente, prefiro ver tudo na sala escura, tela grande e som envolvente do cinema. Mas seja lá ou no streaming, Maestro vale muito a pena.