Nos anos 90, o quiproquó entre Tonya Harding e Nancy Kerrigan no mundo da patinação artística foi um acontecimento que todo mundo comentou. As duas eram concorrentes e, na época, se falou que Tonya teria mandado alguém atacar Nancy, para que ela pudesse reinar sozinha numa competição. Quando as investigações apontaram para o envolvimento de Tonya e do marido na história, a carreira dela acabou. Agora, Eu, Tonya apresenta a versão dela para os acontecimentos. O filme estreia esta semana nos cinemas, com três indicações para o Oscar: atriz (Margot Robbie), atriz coadjuvante (Allison Janney) e montagem.
Tudo começa com Tonya contando sua história em flashback na cozinha de casa. Conta a maneira como sofreu nas mãos de uma mãe que abusava dela física e emocionalmente, mas que também a apresentou para a grande paixão de sua vida, a patinação. Quando ficou mais velha, acabou se apaixonando e casando com um homem também abusivo, que batia nela. Tonya era uma ótima patinadora, determinada e talentosa. Mas muitas vezes recebia notas inferiores em competições, pelo preconceito das pessoas envolvidas já que ela não era o tipo de pessoa “que as pessoas queriam ver na patinação artística”, sendo brega, exagerada, pobre e sem cultura.
https://www.youtube.com/watch?v=US_P75dgJ_w
Com um tom de humor negro no roteiro e direção, Eu, Tonya também conta em detalhes o episódio com Nancy Kerrigan. Na verdade, a história é mostrada quase como uma comédia de erros, onde um amigo maluco, Shawn, acaba destruindo toda a possibilidade de sonho de Tonya. Ele ainda apresenta Margot Robbie num momento sublime como Tonya. Me fez lembrar a história de Charlize Theron, quando ganhou o Oscar por Monster, uma linda mulher que se enfeia para comprovar que é uma grande atriz. Depois de ter visto todas as candidatas ao Oscar de melhor atriz – Margot, Frances McDormand, Sally Hawkins, Meryl Streep, e Saoirse Ronan – , para mim, Margot é a melhor. Ela não irá ganhar, o prêmio deverá ir para Frances. Pena!
Quem deverá sair com a estatueta é Allison Janney, como a insuportável mãe de Tonya. Um verdadeiro demônio que Allison agarra com unhas e dentes. Ela já ganhou o Globo de Ouro e o SAG’s. Deverá levar o Oscar para colocar ao lado de seus muitos Emmys. Nada mais do que merecido.
O elenco ainda tem Sebastian Stan – o Soldado Invernal da Marvel – como o marido, Julianne Nicholson como a treinadora de Tonya, e Bobby Cannavale como um repórter. É claro que muita gente pode não embarcar no estilo do filme, no tipo de riso nervoso que ele provoca. Mas é um filmaço, muito diferente de tudo que tem por aí. E, portanto, merece ser conhecido.