Muita gente nem liga para o crédito diretor de fotografia quando vai ao cinema. Mas no caso de Gordon Willis, que faleceu ontem, é impossível separar seus filmes das imagens icônicas fotografadas por ele. Incrivelmente, ele nunca ganhou um Oscar, com a exceção de um prêmio especial por sua carreira entregue em 2010. Foi indicado somente duas vezes: em 1984 pelo magnífico trabalho em Zelig , de Woody Allen e por O Poderoso Chefão 3, de Coppola em 1991. O trabalho com estes diretores geniais era uma constante na carreira de Willis.
Nascido em Nova York, ninguém sabia capturar como ele o espírito da cidade. Isso era uma realidade desde seu filme mais belo (Manhattan) até um de seus trabalhos menores (Nova York – Uma Cidade em Delírio, com Michael J. Fox). Era também conhecido como “Príncipe da Escuridão”, devido a sua técnica de iluminação que usava as sombras e que normalmente evitava que os olhos dos atores fossem muito iluminados.
Abaixo listei meus cinco momentos favoritos das fotografias de Gordon Willis. Ele sabia o que fazia!
O Poderoso Chefão é uma obra-prima e esta cena logo no início do filme é uma de minhas preferidas. Veja a luz no rosto dos atores, o abajur, as sombras, a janela. Tudo simplesmente perfeito.
Já em Todos os Homens do Presidente,outro clássico, este dirigido por Alan Pakula, Willis apresenta os extremos. Desde a escuridão daqueles que estão se escondendo até a luz muito clara da redação, onde existe a busca pela verdade.
Sonhos Eróticos de uma Noite Verão é um filme meio esquecido na filmografia de Woody Allen e também algo diferente de tudo que Gordon Willis fez. Mas é lindo, com o uso contante da iluminação solar e um colorido muito especial.
Manhattan, também de Woody Allen, é todo brilhantemente fotografado, para mim o melhor trabalho de Willis. Mas valeria só por esta cena! Adoooro!
O último trabalho como diretor de fotografia de Willis foi Inimigo Íntimo, mais uma parceira com o diretor Alan Pakula. O filme não era grande coisa mas a marca registrada dele estava lá. As sombras, os olhos escondidos…
Eduardo Pepe
19 de maio de 2014 às 9:32 pm
Esse approach de Manhattan é inesquecível!