A segunda guerra mundial continua a fascinar o mundo do cinema. Entre os indicados ao Oscar, dois deles – Dunkirk e O Destino de uma Nação – concorrem ao prêmio de melhor filme. Mudbound: Lágrimas sobre o Mississipi, que estreou hoje nos cinemas, merecia também estar nessa lista – muito mais do que Corra! ou Lady Bird – e também conta uma história que apesar de não ter a guerra como tema principal, ela com certeza tem um papel muito importante no que vai acontecer com esses personagens.
O filme se concentra em várias histórias, e é narrado por diferentes personagens. Ele começa com dois irmãos (Garrett Hedlund e Jason Clarke) tentando enterrar o pai num terreno cheio lama embaixo de uma chuva poderosa. Só que logo volta no tempo para justificar o que fez com que os dois chegassem àquela situação. Baseado no livro de Hillary Jordan, a história desenrola-se após a Segunda Guerra Mundial e segue uma mulher que se muda com o marido para a fazenda dele no Mississipi. Lá encontram uma família negra que trabalha no local há várias gerações. Lutando contra a terra, o tempo, o preconceito, essas duas famílias terão suas histórias reunidas ao receber dois veteranos da guerra, um negro e um branco, que retornam para viver no local, ainda regido por leis que estabeleciam limites entre brancos e negros. Mas estas duas famílias estão perpetuamente atoladas nas lamas brutais das seus próprios conceitos sobre si mesmos e sobre a ordem hierárquica e um preconceito profundamente enraizado.
O filme tem um pouco de tudo: racismo, guerra, violência, solidariedade entre mulheres, e principalmente aborda um tema pouco visto no cinema. O retorno dos soldados negros que lutaram pelo país na II Guerra, para casa, onde ainda havia muito preconceito. Ronsel (Jason Mitchell) conheceu uma vida diferente na Europa, mas retorna para sua terra onde nada mudou, ainda sob domínio dos racistas da KKK. O motivo da volta é a sua família, a mãe, Florence (Mary J. Blige, somente ok) e Hap (o fantástico Rob Morgan, esse sim, que merecia uma indicação) e os irmãos, que lutam para conseguir juntar dinheiro com o objetivo de conseguir uma vida melhor. Só
O filme concorre a quatro Oscars, roteiro adaptado, fotografia, canção – Mighty River – e atriz coadjuvante para Mary J. Blige. Poderia muito bem estar concorrendo também como filme e direção. Afinal, se a Academia queria indicar uma mulher este ano para demonstrar ser politicamente correta, bem que poderia ter sido Dee Rees, que aqui faz um trabalho bem melhor do que o de Greta Gerwig em Lady Bird. Mas, essa injustiças fazem parte da história do Oscar, não é?