Corra! foi um daqueles sucessos totalmente inesperados quando estreou nos cinemas nos Estados Unidos. Para se ter uma ideia, o filme custou 4.5 milhões e rendeu somente nas bilheterias americanas mais de 173 milhões de dólares. Belo lucro não? É o primeiro filme como diretor do ator Jordan Peele, conhecido por comédias como Keanu: cadê o meu gato? e a série Key and Peele. Ele parte de uma premissa conhecida, rapaz negro que vai conhecer os pais de sua namorada branca, para fazer um filme de tensão constante. Ele estreia esta semana nos cinemas.
Jordan Peele diz que tirou sua inspiração de vários lugares. Primeiro de um show de Eddie Murphy (que era a primeira escolha para o papel principal, mas acabou sendo considerado muito velho) onde ele contava uma piada sobre como foi ser apresentado para os pais de sua namorada branca. Ele também citou os filmes As esposas de Stepford (1975) e A Noite dos Mortos-Vivos (1968). Tudo começa quando Chris (Daniel Kaluuya, da série Black Mirror), vai visitar a propriedade da família de sua namorada, Rose (Allison Williams, de Girls). A princípio, Chris vê o comportamento exageradamente hospitaleiro da família como uma tentativa desajeitada de lidar com a relação inter-racial da filha, mas, no decorrer do final de semana, uma série de descobertas perturbadoras o levam a uma verdade que ele nunca poderia imaginar. É claro que você percebe que tem algo errado ali quando vê as caras de Bradley Whitford e Catherine Keener – sempre eficientes – naquele cenário lindo e…sem vizinhos!
Apesar de que toda a campanha de marketing promove o filme como terror, ele na verdade não é. É sim um ótimo suspense. Claro que há cenas de terror, mas também tem humor, com o personagem do amigo de Chris, Rod (vivido pelo divertido Lil Rel Howery, premiado no MTV Movie and TV awards). Mas na verdade, creio que o grande mérito é do roteiro inteligente e que fala de um assunto espinhoso como o racismo de maneira inteligente.
Desde os anos 60, com Adivinhe quem vem para jantar?, os namoros inter-raciais são tema de filmes. Lembro recentemente de uma comédia com Ashton Kutcher, A família da Noiva, além do clássico A febre da Selva. Aqui, com humor, com suspense, com um pouco de terror, o diretor e roteirista Jordan Peele conseguiu fazer uma crítica à sociedade muito mais eficiente do que a maioria dos filmes que tenho visto e que tem essa como sua principal intenção.
Na minha opinião, não é o mais assustador e também não é um dos melhores do ano, mas é bem bom!