Não conheço muito o cinema mexicano. Mas tive curiosidade de conhecer Não Aceitamos Devoluções, que estreia este fim de semana nos cinemas brasileiros. Os números eram impressionantes: um dos 5 filmes estrangeiros mais bem sucedidos da história nos cinemas norte-americanos, o maior sucesso de língua hispânica e o filme independente de maior bilheteria do ano. No México quebrou recordes de total de ingressos vendidos. Bem, se é assim, é preciso conhecer certo?
Um homem que vive uma vida sem responsabilidades, Valentin, transando com todas que conhece, de repente se vê numa situação difícil. Uma das mulheres, de quem ele nem lembrava o nome, abandona um bebê que ela diz ser dele em suas mãos e desaparece. Ele começa então uma viagem a pé para os Estados Unidos com o objetivo de encontrar a mãe. Só que ao chegar lá depois de mirabolantes aventuras, ele acaba conseguindo um emprego de dublê na indústria de cinema em Los Angeles e resolve ficar com a bebê Maggie. Os anos passam e Valentin constrói uma vida divertida e amorosa com a menina. Mas quando a mãe reaparece, esta estrutura familiar tão atípica passa a correr perigo…
O material de divulgação dá uma impressão que o filme é uma comédia escrachada. Mas as coisas não são bem assim. O início com certeza dá para rir (especialmente com a ridícula peruca de Valentin). Mas com o passar do tempo, Não Aceitamos Devoluções começa a seguir o caminho de um drama familiar. Tenho que admitir que tive uns dois momentos em que o choro chegou, provocando uma certa revolta interna por me deixar levar por um “dramalhão mexicano”, como diziam nossos avós. O certo é que o filme é bem sucedido em lidar com sentimentos, tem uma excelente produção e no final é uma mistura bem sucedida de Três Solteirões e um Bebê com Kramer versus Kramer.
Eugenio Derbez é um dos maiores astros do México. Aqui ele é responsável pela direção e também contribuiu com o roteiro, além de ser o ator principal. Como Valentin, ele tem uma excelente química com a atriz infantil Loreto Peralta, uma fantástica descoberta que atua em inglês e espanhol. A relação dos dois como pai e filha é a base do sucesso do filme, fazendo rir e chorar. O jeito é ir ao cinema preparado. Você vai rir mas vai terminar emocionado pela história desta família.
Eliane Munhoz