O primeiro filme – Ninfomaníaca Volume 1 – teve quase 255 mil ingressos vendidos. Não é um enorme sucesso mas é a maior bilheteria do controverso diretor Lars Von Trier no Brasil. Com isso, a segunda parte chega com um número maior de cópias nos cinemas. Mas fica aqui um aviso. Se você busca um filme sensual e excitante, Ninfomaníaca (1 e 2) não é isso!
Muito pelo contrário. Acompanhamos a trajetória de Joe (vivida por várias atrizes, mas na maturidade pela preferida de Trier, Charlotte Gainsbourg), desde seu primeiro orgasmo sozinha, ainda menina no meio de um campo visualizando imagens aparentemente sacras até sua decadência onde usa o sexo para o crime. Tudo é uma continuação do primeiro filme, onde ela vai contando sua vida para o homem (Stellan Skarsgard), que a achou ferida num beco perto de sua casa.
Sempre em busca de uma realização que não consegue alcançar (e por isso tão deprimente), ela tenta uma vida doméstica com Jerome (Shia LaBeouf), o rapaz que tirou sua virgindade e com quem tem um filho. Mas sua obsessão por sexo, mais especificamente o interesse pelo sadomasoquismo (as cenas mais incômodas do filme), acaba pondo um fim na dita “normalidade”. Uma das cenas mais usadas na divulgação do filme, quando ela resolve transar com dois rapazes negros, acaba sendo mais um capítulo de sua frustração.
Há uma profusão de closes de órgãos sexuais masculinos e femininos. Mas o que mais incomoda é a incapacidade do personagem de ser feliz e realizar-se. Neste segundo filme, assim como no primeiro, há a participação de vários astros conhecidos como William Dafoe e Jamie Bell. Uma das mais interessantes, entretanto, é a de Jean-Marc Barr (de outros filmes de Trier como Dogville), como um pedófilo. Cena tensa e triste dele com Charlotte Gainsborg.
No final, os dois filmes, que deverão ser lançados no futuro como um só, com cenas adicionais e com 5 horas de duração, são um registro da solidão, pelo meu ponto de vista. E com isso, tremendamente triste.
Eliane Munhoz
Rafael Soares
15 de março de 2014 às 2:12 am
Realmente, quem for esperando um sexy vai ser brochado literalmente…
Eduardo Pepe
15 de março de 2014 às 2:15 am
Se na primeira a rouba cena foi Uma Thurman, aqui as participações relâmpagos, mas marcantes são Jamie Bell (adeus a imagem de Billie Eliot!) e Jean-Marc Barr.
Liliane Coelho
15 de março de 2014 às 2:17 am
Retrato da solidão. Poxa, não tinha pensado nesse sentido… O filme me pareceu bem forte, aquele final mesmo foi um soco no estômago.
Rodrigo Cardoso
15 de março de 2014 às 2:25 am
Ao que parece, Charlotte Gainsbourg é a única atriz que tem coragem de trabalhar com Trier mais de uma vez… E ela se entrega completamente sem medo e sem pudor.
alfie
16 de março de 2014 às 6:47 pm
Um filme sobre erotismo sem erotismo e sem sensualidade? Não me pega. NInfomaníaca 1 já achei chato, como quase todos os filmes do Lars (exceto Europa). Ele é um diretor gelado que mescla oportunismo e aparente racionalidade no seu enfoque. E nunca valoriza os intérpretes. Quando alguém brilha (como Uma no volume 1) é por mérito próprio. Em Dogville, mal dava para perceber que Lauren Bacall, Patricia Clarkson e Harriet Anderson (entre outros) estavam no filme, tamanho o descaso com elenco e nos ângulos. Lars é um marqueteiro sem garra, canhestro.