Nos anos 60, o cinema inglês viveu um período de grandes mudanças, e consequente modernização. Foi também uma época de reconhecimento de jovens atores e atrizes, que hoje fazem parte de um grupo que está entre melhores da história do cinema. É o caso de, por exemplo, Julia Christie, Michael Caine, Alan Bates, Peter O’Toole e, é claro, Albert Finney. Hoje foi anunciado que Albert faleceu em Londres aos 82 anos. O comunicado da família dizia que “ele morreu em paz após uma curta doença, cercado daqueles mais próximos”. Em 2007, o ator havia sido diagnosticado com câncer nos rins. Sem dúvida, uma grande perda para o cinema, TV e para o teatro.
Tom Jones
Sim, porque como a maioria dos grandes, ele começou no teatro, como substituto de Laurence Olivier. Aliás, foi ao lado daquele que muitos consideram o maior ator de todos os tempos, que Albert estreou no cinema. Foi em Vida de Solteiro, de 1960. Mas, três anos depois, ele teve o seu grande triunfo, quando estrelou As Aventuras de Tom Jones (não confundir com o cantor). O filme concorreu a 10 Oscars, inclusive de melhor ator para Albert. Ele ganhou o Globo de Ouro de jovem ator que mais prometia na carreira, e o Prêmio dos Críticos de Nova York, além de melhor ator no Festival de Veneza.
Annie
Depois de Um Caminho para Dois, onde co-estrelou com Audrey Hepburn (com quem teve um namoro), ele fez Assassinato no Expresso do Oriente, que lhe rendeu mais uma indicação ao Oscar de melhor ator. Seu Hercule Poirot é uma de suas criações mais elogiadas. Depois vieram Os Duelistas, A Chama que não se Apaga, e até o musical Annie, onde raspou a cabeça para ser Daddy Warbucks.
À Sombra de um Vulcão
Em sua carreira de papéis tão diferentes, foi João Paulo II em um filme para a TV, teve uma outra indicação ao Oscar por O Fiel Camareiro, e ainda foi dirigido por John Huston em um filme que eu adoro, mas poucos lembram, À Sombra do Vulcão (nova indicação ao Oscar).
Erin Brockovich
A década de 90 trouxe outros grandes filmes. Ele trabalhou com os irmãos Cohen em Ajuste Final, de 1990, fez Romance Proibido (1992), com Robin Wright (ótimo filme), e Nunca te Amei (1994), com Greta Scacchi. Mas logo no início do ano 2000, ele teve uma nova indicação ao Oscar como o chefe de Julia Roberts em Erin Brockovich: Uma Mulher de Talento. As cenas dos dois são impagáveis, especialmente a final. Mesmo tendo concorrido ao Oscar tantas vezes, Albert nunca compareceu. Ele dizia: “É muito longe para ir para sentar num ambiente onde não se pode fumar e comer com uma possível chance de ser chamado.” Rsrs!
007
A década ainda lhe deu outros papéis marcantes. Como Winston Churchill em O Homem que Mudou o Mundo, ele ganhou um Emmy. E, sinceramente, me fez chorar em Peixe Grande e suas Histórias Maravilhosas (2003). A partir daí, começou a trabalhar menos, fazendo pequenas participações em filmes de grande sucesso. Doze Homens e Outro Segredo, Um Bom Ano, e O Ultimato e O Legado Bourne, como o Dr. Albert Hirsch. Seu último filme, onde já se percebia que estava bem debilitado, foi 007 -Operação Skyfall. Uma bela despedida.
BAFTA
Às vésperas do BAFTA, que acontece neste domingo, é bom relembrar que em 2001, ele ganhou um prêmio especial por sua carreira. Um belo reconhecimento. Obrigada, Mr. Finney!
Fotos de divulgação