Desnecessário dizer num texto que um filme dirigido por Woody Allen é um exemplo de cinema que você deve ver. Alguns podem ser realmente extraordinários (o imbatível A Rosa Púrpura do Cairo) e outros simplesmente bons (o último, Magia ao Luar). Café Society, que estreia esta semana nos cinemas está bem próximo do topo da lista, o que significa que é talvez um dos melhores filmes do diretor dos últimos anos. Dessa vez, Allen mostra um período romântico que ele (não só ele, eu também) adora: a Hollywood dos anos 30. E como sempre, a cenografia, a trilha sonora, a fotografia, o roteiro, a história, tudo é ótimo!
Um jovem de Nova York resolve ir para Hollywood para tentar a sorte na agência de seu tio, um homem importante na cidade. Ele acaba se apaixonando pela secretária que está envolvida em outro romance complicado. De volta a Nova York, ele vai montar o Café Society, um lugar para onde todos vão para verem e serem vistos. Só que o primeiro amor não é fácil de ser esquecido, mesmo quando se tem uma vida aparentemente perfeita…
No papel principal, o jovem de origem judia que sempre fala rápido, que pensa e repensa as situações (ou seja, o alter ego do diretor), está Jesse Eisemberg. Acho que pela primeira vez o ator não me deixou nervosa com seus tiques constantes. Provavelmente é seu melhor momento no cinema. Kristen Stewart está linda e boa atriz. Ela precisa de diretores fortes para ser eficiente. Blake Lively brilha cada vez que aparece na tela. E por ser ela, tão perfeita no papel, fica ainda mais claro o sentimento entre os personagens de Kristen e Jesse. Como a última parte desse quadrado amoroso está Steve Carell, que entrou no lugar de Bruce Willis, que não conseguia lembrar suas falas. Seria mais fácil de entender a paixão de Kristen por Bruce, mas Steve consegue imprimir uma doçura que emociona, tornando esse relacionamento mais fácil de acreditar.
Café Society foi o terceiro filme dirigido por Woody escolhido para abrir o festival de Cinema de Cannes. Lá, uma publicação local chegou a compará-lo a Ernst Lubitsch, o grande gênio do cinema daquela época retratada no filme. Pode ser um exagero, ou não. Difícil comparar momentos e linguagens tão diferentes. Mas de qualquer maneira, este é um belo Woody Allen. Para os fãs de cinema, mais um momento inesquecível.