Não sou uma pessoa muito religiosa. Mas desde menina sempre gostei de assistir estes filmes baseados em histórias bíblicas. Isso incluía os clássicos dos anos 40/50 (adorava Salomé e sua “reinterpretação” da dança dos sete véus), até uma série de TV muito popular da época chamada Os Grandes Heróis da BIblia. Vivemos hoje uma “ressurreição” destes filmes baseados nas histórias do livro sagrado. Não só no Brasil, onde Os 10 Mandamentos é o grande campeão de bilheteria do ano até agora (não vi nem o filme nem a novela, portanto não posso opinar), como também em produções hollywoodianas. Os resultados foram diversos. Noé foi um enorme sucesso no mundo inteiro. Êxodo: Deuses e Reis, nem tanto. Teve também O Céu é de Verdade, que não é uma história da Bíblia, mas fala de um milagre de Deus, que foi um surpreendente êxito nos Estados Unidos. Aqui passou desapercebido.
Agora, vários outros virão. O primeiro a chegar é justamente Ressurreição, estrelado pelo sumido Joseph Fiennes, que estreou hoje (17) nos cinemas. Aqui, a ideia é contar sobre a épica história bíblica da ressurreição contada pelos olhos de um não-crente. Clavius (Joseph Fiennes), um poderoso tribuno militar romano, e seu assistente, Lucius (Tom Felton), têm a tarefa de resolver o mistério do que aconteceu com Jesus nas semanas seguintes a crucificação, a fim de refutar os rumores de um Messias ressuscitado e evitar uma revolta em Jerusalém.
Dirigido por Kevin Reynolds (lembra de Robin Hood: o Príncipe dos Ladrões?), o filme começa de maneira bem diferente. Mostra os bastidores políticos de toda a história, e como Clavius trata o desaparecimento do corpo de Jesus de uma maneira policial, interrogando suspeitos e possíveis testemunhas, bem como buscando pistas, como um CSI do início dos tempos. Achei um formato bem interessante. Mas a segunda parte já segue pelo caminho conhecido, quando Clavius resolve seguir os apóstolos com o objetivo de saber se Jesus é tudo o que dizem. E aí é o momento em que a edição merecia ser um pouco mais dinâmica, pois acaba cansando o público em algumas situações que se arrastam.
Alguns detalhes positivos. O filme tem humor em algumas cenas chave, o que o deixa mais leve e acessível. No papel de Jesus, está Cliff Curtis (Fear the Walking Dead), que o faz de maneira menos sofrida e mais moderno. E confesso que demorei um pouco para reconhecer Tom Felton, o Draco Malfoy dos filmes de Harry Potter, como o ajudante de Clavius, Lucius .
Ontem (16), tive a oportunidade de participar de uma entrevista por Skype com Joseph Fiennes e a Maria Madalena do filme, a atriz argentina Maria Botto. Ele, surpreendentemente simpático, falou sobre fé, integridade moral, mas também sobre como foi bom filmar na Espanha, com “tapas e tinto” (rs). Ela estava um pouco mais tímida, talvez pela barreira da língua. Mas foi muito segura ao responder minha pergunta sobre a visão diferente que o filme dá a Maria Madalena (que até luta!). “Ela era uma mulher muito forte naquilo que acreditava. Ela daria sua vida. É diferente”. Em breve postarei aqui o vídeo com os destaques dessa entrevista. Aguarde!
No final, se você é uma pessoa religiosa, vai certamente gostar do filme e de sua mensagem. Se não, provavelmente vai achar que ele é um pouco arrastado. Ou seja, tudo depende daquilo que você espera ver…