Isabelle Huppert é uma grande diva do cinema francês . Completou 70 anos em março último, e está linda. Já foi indicada ao Oscar , ganhou o Globo de Ouro, o Spirit, o Satellite Awards, tudo por Elle (disponível para aluguel e compra nas plataformas digitais). Trabalha muito e está sempre com algum filme estreando. Só, como exemplo, aqui no Brasil, tem EO estreando essa semana nos cinemas. E na próxima, terá Uma Vida sem Ele. Mas o que me surpreende é que Isabelle é uma atriz que criou um personagem que reflete sua personalidade. Sempre fria, distante, cheia de classe, com um cigarro na mão, muito bem vestida e maquiada. Fizeram até piada com isso na ótima série Dez por Cento, da Netflix. Não acho que seja uma grande atriz. Mas ela continua a ser elogiada, e considerada uma das grandes damas do cinema da França. Vai entender…
Saiba mais aqui sobre os dois filmes com a atriz, que chegam aos cinemas.
EO – estreia nessa quinta nos cinemas
EO é uma produção polonesa, que foi indicada ao Oscar de filme estrangeiro este ano. Foi premiado em Cannes, no Festival de Palm Springs e pelos Críticos de Nova York. Conta a história de um burrinho, que trabalhava em um circo. Após ser separado de sua dona, ele inicia uma jornada onde cruza com pessoas boas e más. Experimenta a alegria e a dor, O filme quer mostrar uma visão da Europa moderna através de seus olhos.
O burrinho é a coisa mais fofa – e o trabalho do diretor Jerzy Skolimowski em dirigir os burros é simplesmente sensacional. Os atores participam por pouco tempo. Há pouco diálogo, e a história é triste demais. A linguagem é quase documental. Mas há momentos de fantasia, e a trilha sonora que aparece de vez em quando (boa parte do filme só tem os sons dos cascos do burro) é interessante. Através do olhar do burro, vemos o absurdo da humanidade em seu dia a dia. E entre tudo isso, a personagem mais uma vez fria e distante de Isabelle Huppert aparece, numa estranha história junto com um padre. São duas sequências, mas você sabe exatamente o que esperar dela. Quanto ao filme, deixa a gente com um gosto amargo na boca. E a certeza de que os animais não merecem esse mundo em que vivemos.
Uma Vida sem Ele – estreia dia 8 nos cinemas
Aqui Isabelle é a atriz principal. Quando vi a sinopse, achei que o filme seria um romance. Veja só: “Joan Verra sempre foi uma mulher independente, amorosa, com espírito livre e aventureiro. Quando seu primeiro amor retorna sem aviso após anos de ausência, ela decide não contar a ele que eles tiveram um filho juntos. Essa mentira por omissão é uma oportunidade para ela revisitar sua vida: sua juventude na Irlanda, seu sucesso profissional, seus amores e seu relacionamento com o filho”.
Só que na verdade, essa parte do amor do passado é somente uma introdução. Somente faz com que Joan pegue seu carro em uma noite chuvosa e comece a contar sua história. Deixando a Irlanda, onde conheceu seu primeiro amor, para a França, onde criou sozinha o filho desse relacionamento. Acontecem despedidas e retornos, através de uma rede de relacionamentos fragmentados e memórias irregulares. Sempre com ela no centro, lidando com a dor que causou e a dor da qual ela tentou se proteger. E especialmente um segredo que ela terá que enfrentar.
O filme derruba a quarta parede, e faz com que Joan converse com a audiência diversas vezes. Sempre com o ar altivo e superior de Huppert. A jovem Freya Mavor, que faz o papel de Joan jovem é muito mais interessante e intensa. Aliás, a história da Joan jovem é muito melhor – e são os momentos mais envolventes do filme. Quando a história passa para Joan mais velha, tudo é tão frio, que se torna cansativo. E o pior, a resolução, o grande segredo, é óbvio demais. O único suspense é quanto tempo iam demorar para a revelação. Talvez com uma outra atriz com mais sentimento, paixão, e vontade do que Huppert, o filme fosse melhor!