A primeira versão de O Estranho que Nós Amamos é um de meus filmes favoritos daquela segunda fase da carreira de Clint Eastwood. Aquela onde ele começou a buscar um diferencial como ator, mas também fazia filmes policiais. Aqui, em mais uma parceria com o diretor Don Siegel, ele teve um papel que o ajudou a demonstrar que não era somente um ator de filmes de ação. Ao rever hoje em dia, o filme envelheceu, com alguns movimentos de câmera e iluminação que ficaram um pouco datados, mas a força da história e das interpretações de Clint e Geraldine Page permanece. E agora chega esta semana aos cinemas uma nova versão, uma imaginação diferente da história com Colin Farrell e Nicole Kidman
Ambientada durante a Guerra Civil em uma escola no sul da Virgínia, a produção apresenta a história de mulheres abrigadas em um colégio que encontram um soldado machucado que precisa de cuidados médicos. Elas fornecem abrigo e cuidam de suas feridas. Mas, com sua chegada, a casa é estranhamente tomada por uma forte e perigosa tensão sexual que gera rivalidade entre as estudantes e professoras. É quando tabus são quebrados em uma inesperada reviravolta de acontecimentos.
Sofia Coppola resolveu dirigir uma nova adaptação do livro de Thomas Cullinan, contando a história de uma maneira um pouco diferente, usando o ponto de vista das mulheres, ao contrário do anterior, que usava o ponto de vista do soldado. Segundo ela, que levou o prêmio de melhor direção no festival de Cannes, “eu nunca pensaria em refazer um filme, mas quando eu o vi, realmente ficou na minha cabeça. Eu pensei que gostaria de ver essa história sob o ponto de vista das mulheres, e como deve ter sido para elas, deixadas de lado na época da guerra.”
Na verdade, é preciso dizer que ele virou praticamente outro filme com essa mudança. As motivações de ambos os lados acabam não ficando tão claras. Especialmente porque a fotografia é escura, o que muitas vezes dificulta até mesmo enxergar as expressões dos atores.
Aliás, isso é um problema, já que o elenco é de primeira. Colin Farrell, que vem se tornando um ator muito melhor do que o careteiro que era no início da carreira (lembra de O Demolidor?), faz o soldado disputado pelas professoras e alunas. Nicole Kidman herda o papel da diretora da escola de Geraldine Page, e ao ver a foto das duas, já é possível perceber que elas serão muito diferentes no filme.
Outros destaques são Kirsten Dunst, a melhor do elenco assumindo sua idade e seu corpo de uma mulher normal, e Elle Fanning (ótima também).