É muito pequena a probabilidade que O Filho de Saul, que estreou esta semana nos cinemas, não leve o Oscar de melhor filme estrangeiro para a Hungria no próximo dia 28. E, apesar de não poder dizer que é merecido, já que não vi os demais concorrentes – Krigen ( Dinamarca), El Abrazo de la Serpiente ( Colombia), Cingo Graças ( França), Theeb ( Jordânia).O que posso afirmar é que o filme é um primor do ponto de vista cinematográfico, excelente mesmo, e que provavelmente vai ficar na sua cabeça um bom tempo depois de ter assistido.
Mas já aviso que se você não gosta de filmes densos, super-dramáticos, que fazem você pensar o quanto o mundo e (algumas/ muitas) pessoas são injustos e cruéis, é melhor nem passar perto de O Filho de Saul. Não é diversão, é um soco no estômago. Mas um exemplo de um belo filme.
Ele se passa num campo de concentração durante a II Guerra Mundial. Logo no início ficamos sabendo que havia prisioneiros que ajudavam a levar outros para os fornos, onde milhões foram exterminados. Saul é um deles. E a câmera vai acompanha-lo todo o tempo, de uma maneira que acentua a sensação claustrofóbica durante todo o filme. Logo, Saul descobre que um menino que foi morto num grupo é seu filho. E ele está determinado a dar a ele um enterro apropriado segundo o ritual judaico. Para isso, ele acaba passando por diversas situações que colocam sua vida em perigo.
Um diferencial do filme é que a aparição de alguns personagens e mesmo a relação entre Saul e “seu filho” nunca são realmente explicadas. Mas isso não importa, o que realmente faz a diferença é a determinação deste homem, que encontra um ótimo intérprete em Géza Rohring. Aqui tem uma historinha interessante: o diretor Lazlo Nemes era amigo dele, que é um poeta húngaro que vive em Nova York. E o convidou para fazer um teste para um dos papéis coadjuvantes. Só que o seu teste foi tão bom, que lhe deram o papel principal. É sua estreia no cinema.
Desde sua estreia no festival de Cannes, o filme já recebeu uma quantidade enorme de prêmios a partir de quatro no próprio festival . Globo de Ouro, Critics Choice Award, National Board of Review e mais um infindável número de prêmios da crítica. Ou seja, é cinema dos bons!