Eu gosto muito de Nicolas Cage. Acho que ele tem momentos excepcionais como ator – Despedida em Las Vegas é o maior exemplo. Mas também sabe ser exageradíssimo – e já fez muita porcaria. Mas ultimamente até que tem acertado. Está sensacional no ótimo O Peso do Talento – e foi indicado a prêmios por Pig. Nessa quinta, estreia nos cinemas um filme com o ator cuja ideia é muito boa, mas a realização e o roteiro deixam a desejar. É O Homem dos Sonhos.
Cage faz o papel de Paul Matthews um pai de família infeliz que, misteriosamente, começa a ser visto por milhões de estranhos em seus sonhos. Porém, uma hora, as aparições começam a se transformar em um grande pesadelo. É quando Paul terá que enfrentar as consequências de seu inesperado estrelato.
O que achei?
De primeira, o filme envolve por sua originalidade. Por que o cara mais improvável e sem graça começa a aparecer no sonhos de todo mundo? Daí passa a ser um estudo sobre o culto às celebridades! Paul vira o cara mais popular “naquele momento “ – detalhe muito importante. A partir daí , as coisas mudam quando Paul volta a parecer nos sonhos como o agente de situações aterradoras. E sua popularidade se acaba já que todos passam a ter ódio dele. É a cultura do cancelamento levada ao extremo. Especialmente porque Paul não tem culpa de que as pessoas sonham com ele.
A parte final é mais tristinha. E mais difícil de engolir. O filme começa como uma variação interessante de Além da Imaginação ( ou Black Mirror , para que prefere) . Mas depois se perde em suas várias críticas. No final, o filme não emociona , nem fica na mente. E isso com certeza não é culpa do elenco. Nicolas Cage está ótimo, variando do fascínio para a revolta e a consequente tristeza. Já Julianne Nicholson, que faz a esposa, é extremamente eficiente , como sempre.
É uma pena que O Homem dos Sonhos não funcione. Quem sabe como um curta? Ou um episódio de Black Mirror? Talvez fosse mais eficiente.