Fui assistir O Mensageiro na sessão para a imprensa com um pé atrás. Acho que Jeremy Renner é um ator fraco e antipático. Imagine um filme inteiro centrado no seu personagem? Bem, tenho que dar o braço a torcer. O Mensageiro, que estreia este fim de semana nos cinemas, não só é um bom filme como Jeremy Renner está muito bem como um personagem que realmente existiu.
Gary Webb era um jornalista, vencedor do Prêmio Pulitzer. Quando trabalhou para um pequeno jornal, ele escreveu uma série de artigos revelando o envolvimento da CIA com drogas em conexão com os guerrilheiros da Nicarágua dos anos 80, os Contras. O filme mostra como o governo e a própria grande imprensa entraram numa campanha para desacreditar o jornalista e seu trabalho na cobertura dos eventos. Mostra também como isso acabou com sua carreira e sua vida familiar. O título em inglês – Kill the Messenger/ Mate o Mensageiro – mostra claramente como a mídia em conjunto com o governo pode destruir alguém que busca a verdade na notícia.
O elenco está cheio de nomes conhecidos: Rosemarie DeWitt, Michael Sheen, Robert Patrick, Ray Liotta, Oliver Platt, Andy Garcia, Paz Vega, Barry Pepper. Dirigido por Michael Cuesta, com grande experiência em séries de TV – True Blood, Dexter, Homeland -, entrou no projeto depois que as negociações com Spike Lee não deram certo. Aliás, é importante ressaltar que chegou a sair na imprensa que, durante a filmagem e pós produção, membros do elenco e da equipe receberam avisos para não seguir em frente de pessoas num “nível governamental”.
O filme é bom, além de sua óbvia importância ao contar uma história que a maioria das pessoas não conhece. Também, é claro, por discutir o papel da imprensa e como a mesma pode ser manipulada por um governo. Desnecessário dizer que o filme foi um fracasso nos cinemas americanos. Espero que tenha melhor sorte no resto do mundo.
Eliane Munhoz