Quando Suprema foi lançado nos cinemas em 2018, eu acabei perdendo a sessão para a imprensa porque estava viajando. E quando voltei, ele obviamente já tinha saído de cartaz, como tantos outros filmes que tem “lançamentos secretos”. Confesso que naquele tempo, eu tinha apenas ouvido falar de Ruth Bader Ginsburg por causa do documentário A Juíza (disponível no Telecine). E assim mesmo somente porque ele havia concorrido ao Oscar. Foi indicado nas categorias de documentário longa-metragem, e canção (I’ll Fight, interpretada por Jennifer Hudson).
Nos últimos dias, com a morte de Ruth, vi homenagens de praticamente todos os atores de Hollywood nas redes sociais. E também veio a notícia de que tanto A Juíza, como Suprema, serão relançados nos cinemas americanos. Toda a renda líquida será revertida para a American Civil Liberties Union Foundation para dar suporte ao seu Projeto dos Direitos das Mulheres. Foi por isso que finalmente resolvi assistir Suprema na Amazon Prime Vídeo (também está disponível na HBO Go). E, além de presenciar um belo filme, também fiquei fã dessa mulher tão forte e determinada. Recomendo muito!
Suprema é aquele tipo de filme que tem Temporada de Premiações “escrito na testa”. Mas não conseguiu uma única indicação nos principais eventos. Nem Oscar, Globo de Ouro, SAG’s, ou Critics Choice. O filme se concentra em determinados períodos da vida de Ruth. O roteiro foi escrito pelo sobrinho dela, Daniel Stiepleman. Obviamente mostra com carinho todos os erros e acertos de sua jornada.
A história
O início é o momento em que ela se torna uma das primeiras mulheres a ser aceita no curso de direito da Universidade de Harvard. Mostra como enfrentou todas as adversidades, inclusive a doença do marido. E ainda se formou nas instituições mais prestigiosas do país: Harvard e Columbia. E sempre como primeira aluna de sua turma. Só que mesmo assim, ela enfrentou o machismo dos anos 1950 e 1960 quando tentou encontrar emprego. Foi inclusive recusada pelos principais escritórios de advocacia. Assumiu então a função de professora, e se especializou em direito relacionado ao gênero. É quando aparece um caso que pode mudar a sua vida. E também a de milhões de pessoas nos Estados Unidos.
O filme mostra bem o quanto foi difícil para as mulheres conquistarem seus direitos. E principalmente como a luta de cada uma foi importante. Ruth era uma mulher inteligentíssima, extremamente determinada. Teve a felicidade de encontrar alguém que a adorava e estimulava isso nela, o marido também brilhante Martin Ginsburg. E será que ele era tudo isso que o filme mostra? E ainda lindo como o Armie Hammer? Parece que sim. Segundo uma entrevista de Ruth, “ele foi o primeiro garoto que conheci que se importava que eu tinha um cérebro.”
Não sou grande fã de Felicity Jones, mas ela tem aqui um personagem tão fascinante. E funciona perfeitamente. Repare na cena em que Ruth enfrenta o trio de juízes. É provavelmente a melhor atuação de sua carreira. E Suprema ainda tem muita gente boa no elenco. Sam Waterston, Justin Theroux, Stephen Root, e até Kathy Bates. Mas, no final, o melhor de tudo é conhecer um pouco mais dessa grande mulher, que, inclusive, aparece no fim do filme. E é ainda mais emocionante!