Eu admiro muito a versatilidade de Ridley Scott. Ele vai de ficção-científica (Alien o 8º Passageiro), passando pelo romance (Um Bom Ano)até um filme feminista (quando ninguém falava sobre isso), Thelma e Louise. E ainda recentemente, fez dois filmes que gosto muito, o novelão Casa Gucci e o brilhante O Último Duelo. Mas, é claro, muita gente se lembra dele por causa de Gladiador, que vai ganhar uma sequência. E agora, ele se junta novamente a Joaquin Phoenix (que concorreu ao Oscar por seu papel em Gladiador) em Napoleão, que estreia nessa quinta nos cinemas.
O filme pretende ser um olhar pessoal sobre as origens de Napoleão Bonaparte (Joaquin Phoenix) e sua rápida e implacável ascensão a imperador. Também se propõe a mostrar o seu relacionamento visceral e muitas vezes volátil com sua esposa e verdadeiro amor, Josephine (Vanessa Kirby, substituindo Jodie Comer). Vindo do nada, como um oficial de artilharia do exército francês, o longa retrata sua jornada, até ser derrotado e exilado na ilha de Santa Helena. Conquistando o mundo para tentar conquistar o amor dela, suas táticas lhe renderam uma forte reputação. Foi inclusive preciso sete coalizões de potências diferentes para derrotá-lo.
O que achei?
O filme já começa com uma liberdade criativa, com a descrição da decapitação de Maria Antonieta, e que isso teria sido testemunhado pelo jovem Napoleão. Jovem em termos, já que o filme não faz grandes esforços para tentar convencer que o cinquentão Joaquin seria um rapaz de 24 anos nesse início. A partir de então, o filme conta – meio aos trancos e barrancos – como foi essa ascensão. Apesar de suas sentidas 2h40, há momentos em que Napoleão deixa de mostrar momentos importantes para o bom entendimento da história. Isso porque Ridley quer dar o destaque real para aquilo que ele mais gosta – as batalhas. Sim, essas são bem grandiosas – afinal Ridley sabe fazer as coisas. Entretanto, tirando uma ou outra cena (o cavalo atingido logo no início), as cenas parecem mais do mesmo. Quem viu a Batalha dos Bastardos de Game of Thrones vai me entender, rs.
Com isso, quem sai perdendo nessa história é a personagem de Josephine. Em alguns diálogos, o roteiro dá a entender que ela tem uma importância estratégica que não se materializa. Também é difícil entender se há amor da parte dela ou somente dependência. E isso tudo é uma pena, pois Vanessa Kirby é uma atriz sensacional e magnética. Entretanto, isso é só um reflexo da sensação que o filme deixa. Muito formato, e pouco conteúdo.