Gus Van Sant é um caso especial para mim no que diz respeito ao cinema. Admiro seu trabalho como cineasta – principalmente em Gênio Indomável, Um Sonho sem Limites, Encontrando Forrester – mas confesso que nunca senti vontade de rever nem um deles. Ou seja, admiro seus filmes, mas não gosto deles. Eles sempre me incomodam, o que é uma coisa boa, quando se fala de cinema, mas não é prazeroso. O caso é o mesmo de seu último filme, que estreou essa semana nos cinemas, A Pé Ele não Vai Longe, com Joaquin Phoenix.
História
Há mais de 20 anos, Gus tentava filmar a história real de John Callahan, baseada em seu livro autobiográfico. Isso desde que Robin Williams lhe apresentou o projeto. O filme foi exibido em Sundance e Berlim, e mostra como Callahan, um alcoólatra que, mesmo depois de sofrer um acidente de carro e quase perder a vida, não pensa em deixar a bebida. Incentivado por sua namorada, aceita entrar num grupo de apoio para tratamento. Enquanto segue os passos para superar o alcoolismo, Callahan descobre a habilidade para desenhar histórias em quadrinhos, o que transforma sua vida. Junto ao reconhecimento de seu talento, surgem críticas ao seu humor irônico, com as quais ele precisa aprender a lidar, assim como com suas próprias fragilidades internas.
Elenco
É difícil para mim ver histórias nas quais as pessoas tentam se auto-destruir. É de difícil compreensão para mim. Entretanto é um grande experiência ver a atuação sempre ótima de Joaquin Phoenix. Ele já havia arrasado em Você Nunca Esteve Realmente Aqui, também lançado nos cinemas este ano. E aqui também está ótimo. Sua mulher/namorada na vida real, Rooney Mara, também participa. A grande surpresa entretanto fica por conta de Jonah Hill. Normalmente o acho insuportável, mas nesse filme, como um guru de auto-ajuda, ele está divertido e diferente de outros papéis.
No final, acho estranho um filme como esse, do tipo “cabeça”, estrear no início das férias, na época das festas de final de ano, onde todo mundo parece mais interessado em ver Aquaman ou esperar por Wi-Fi Ralph. De qualquer maneira, é uma boa produção, com uma mensagem razoável de esperança. Se for a sua praia, vale a pena!