Confesso que não sou grande fã de comédias. Elas tem que ser muuuuitoooo engraçadas para arrancar uma riso meu. Sou exigente mesmo. Entretanto, quando me deparo com algo que tem um humor singelo e inocente, como o das chanchadas da Atlântida, a coisa me conquista. Foi o caso da comédia brasileira O Porteiro, que estreia essa semana nos cinemas.
O filme se baseia na peça do mesmo nome, que na verdade é um monólogo interativo, e que já foi vista por mais de 100 mil espectadores. Conta a história do porteiro Waldisney e um dia muito maluco que acontece em seu prédio. O diretor Paulo Fontenelle e o protagonista Alexandre Lino escreveram o roteiro, transformando os personagens que eram vividos pelo público no teatro em personagens vividos pelos atores. No filme, a história é contada em flashback. Waldisney (Lino), o porteiro atrapalhado, precisa provar para o delegado, interpretado por Maurício Manfrini (Paulinho Gogó), que não tem nada a ver com o assalto ocorrido no prédio onde trabalha. Isso porque ele foi acusado pelo síndico atual (Bruno Ferrari), que está sempre advertindo-o por se ausentar da portaria várias vezes ao dia para ajudar aos moradores.
O que achei?
Como já disse, embarquei no humor inocente e mambembe de O Porteiro. E muito se deve ao talento de Alexandre Lino. Ele faz aquele tipo de personagem que fez história com Oscarito e Mazzaropi. O porteiro Waldisney é de boa índole, simpático e até um pouco atrapalhado. O resto do elenco está sensacional, mas sinceramente quem mais me fez rir foi Daniela Fontan, que fa a esposa invocada de Waldisney. Ela está ótima num papel que seria de Cacau Protásio, mas ela pegou COVID no início das filmagens e houve uma mudança de papéis. Cacau também está divertidíssima como a faxineira. E é sensacional ver a veterana Suely Franco (que deve ter se divertido horrores) como a vizinha que gosta de “orégano”, rsrs.
Homenagens , erros e acertos
O filme ainda faz várias homenagens. Mas a mais legal é quando a personagem de Cacau se refere ao tempo que “Dona Hermínia” morava no prédio. As filmagens de O Porteiro aconteceram no mesmo prédio que também foi cenário de Minha Mãe é uma Peça. Então foi uma maneira de homenagear o ator Paulo Gustavo, que faleceu em 2021. Mas , há algumas homenagens que não dão tão certo. O diretor Paulo Fontenelle resolveu usar uma estratégia de teatro de comédia, deixando espaços e silêncios entre as piadas, como se desse um tempo para as pessoas rirem. Em alguns momentos dá certo, mas em outros, como a visita de Waldisney, Aline e Rosivalda ao apartamento de Dona Alzira, a estratégia é tão repetitiva que fica cansativa.
Mas há outros acertos. Um deles é a participação do lutador José Aldo como ele mesmo. Suas caras e bocas são hilárias. E o filme ainda traz uma surpresa. Será que alguém vai reconhecer a ex-paquita Andreia Veiga como uma das vizinhas na reunião de condomínio? Rsrs. No final, O Porteiro tem um clima tão família que você vai embarcar nessa historinha boba, mas divertida. E que, aliás, tem toda a cara que vai virar franquia…
A entrevista
Eu tive a oportunidade de entrevistar o diretor Paulo Fontenelle e todo o elenco principal. Falamos sobre amizade, humor e destino. Foi muito legal! Veja aqui: