Brian De Palma sempre foi para mim um diretor admirável, o meu favorito pessoal daquela geração que incluía George Lucas, Francis Ford Coppola, Martin Scorsese e até Steven Spielberg. Dessa forma, quando ouvi falar há algum tempo sobre um documentário muito elogiado, exibido nos festivais de Veneza, de Nova York, do Rio e Janela Internacional de Cinema, sobre a carreira do diretor, fiquei interessada na hora. Dirigido por Noah Baumbach e Jake Paltrow (Irmão de Gwyneth), De Palma estreia apenas em São Paulo e Fortaleza nesta quinta-feira ( 24 ). É imperdível para qualquer fã de cinema de qualquer idade.
Ele traça um perfil do diretor, com sua participação, muitas vezes rindo de si mesmo, sua vida e carreira desde o começo até os dias mais recentes. Sempre um pequeno transgressor adorável, suas lembranças detalhadas são uma atração à arte que nos remetem à uma viagem no tempo sem preço. Segundo o diretor Baumbach, “A pessoa não precisa ter visto algum trabalho do Brian para apreciar este filme. Eu acho que qualquer pessoa minimamente interessada em cinema só poderia achar fascinante. Mas como alguém pode assistir a este filme e não quer ver todos os filmes do Brian? Seria incrível ver o documentário como uma criança e depois ver todos pela primeira vez”.
Talvez não seja possível ver tudo. mas como alguém que viu boa parte de sua filmografia (tudo pós-1972), selecionei aqui os meus cinco IMPERDÍVEIS (mesmo!). Dê uma olhadinha:
– Carrie, a Estranha (1976)
Este foi o filme que tornou De Palma conhecido em todo o mundo. Esqueça a versão recente com Chloe Grace Moretz, não ligue para as roupas (afinal, eram os anos 70), e embarque num dos mais aterrorizantes filmes já feitos. Sissy Spacek foi candidata ao Oscar como uma jovem tímida e sem amigos, que é criada por uma mãe loucamente religiosa (Piper Laurie, aterrorizante e também indicada ao Oscar), que desenvolve poderes que não consegue compreender. O susto final não era algo usual nos filmes de terror da época, por isso mesmo foi ainda mais marcante para todas as plateias do cinema. Veja o trailer original da época, o filme está disponível na Netflix.
– Scarface (1983)
Considerado um dos 10 melhores filmes sobre gangster de todos os tempos pelo American Film Institute, traz Al Pacino como Tony Montana, um imigrante cubano que domina o cartel de drogas nos anos 80 em Miami . É um versão de um filme de 1932, Scarface: A Vergonha de uma Nação, mas se tornou um clássico da violência no cinema. O elenco também tinha Michelle Pfeiffer num papel que transformou sua carreira de um rosto bonito em uma grande atriz. O roteiro é de Oliver Stone. Disponível na Netflix
– Os Intocáveis (1987)
Talvez o filme mais cinematograficamente perfeito de De Palma. Tudo é perfeito: a trilha de Ennio Morriconne, as roupas de Giorgio Armani, Kevin Costner com o papel sob medida de Eliot Ness, Sean Connery (premiado com o Oscar), De Niro se divertindo como Al Capone e, é claro, a brilhante cena da escada, tão perfeitamente filmada, uma homenagem a Encouraçado Potenkim. Tudo perfeitamente orquestrado pelo mestre De Palma. O agente Eliot Ness forma um time de policiais para deter o gangster Al Capone em Chicago dos anos 30.
– Um Tiro na Noite (1981)
O filme pode ter sido um grande fracasso de bilheteria na época, provavelmente devido ao final pouco feliz. Mas com o tempo passou a ser reconhecido como um dos grandes clássicos do diretor. Um especialista em efeitos sonoros acidentalmente grava um acidente de carros, mas acaba descobrindo que ele foi na verdade um assassinato. E com isso acaba sendo perseguido. Segundo filme de John Travolta com De Palma (os dois haviam feito Carrie antes, a estreia de John no cinema), num papel originalmente destinado a Al Pacino.
– Dublê de Corpo (1984)
O meu favorito de todos os filmes do diretor. Uma homenagem a Alfred Hitchcock, especialmente Janela Indiscreta e Um Corpo que Cai, o que acabou dando a De Palma o título de mestre do suspense moderno. Um ator fica obcecado com uma linda mulher, inclusive começando a espioná-la em casa. O problema é que um acontecimento trágico acaba fazendo com que ele se envolva numa trama de assassinato com incursões no submundo. Este foi o filme que tornou Melanie Griffith uma estrela como Holly Body, um papel oferecido e recusado por várias atrizes.