Essa semana teve um grande anúncio vindo de Hollywood. Jack Nicholson vai sair de sua aposentadoria (seu último filme foi de 2010, Como Você Sabe). Às vésperas de completar 80 anos em abril, Jack será o astro da versão americana de Toni Erdmann, o filme alemão que estreia hoje nos cinemas. É claro que isso é motivo para comemoração – adoro Jack e seu estilo “cafa” – , mas como nem tudo é perfeito, escolheram a chatinha Kristen Wiig para ser a co-estrela. De qualquer maneira, como o Toni Erdmann americano ainda vai demorar para chegar, é uma boa oportunidade agora para conhecer sua versão original alemã, que é a grande favorita ao Oscar de filme estrangeiro deste ano.
O filme foi uma grande surpresa para mim. Fui mais na obrigação, do que propriamente por prazer assistir ao filme que tem 2 horas e 40 minutos de duração. Isso mesmo! Mas a surpresa foi que me diverti bastante com a história e nem senti o tempo passar. Winifried é um aposentado que vive afastado de sua filha Ines, que é uma executiva estratégica de uma grande corporação. Após a morte de seu cachorro, ele decide fazer uma visita surpresa para a filha. Mas as coisas não funcionam muito bem. Ele a irrita muito com suas piadas fora de hora, e resolve voltar ara Alemanha. Só que na verdade, a ideia dele é criar um alter ego, Toni Erdmann. Com uma peruca horrorosa, uma dentadura nojenta e um terno amassado, Toni começa a penetrar no circuito social e profissional de Ines, fazendo com que ela passe pelas situações mais vexaminosas possíveis.
O filme foi extremamente elogiado no Festival de Cannes, e era um dos favoritos para a Palma de Ouro, mas acabou saindo somente com um prêmio especial para a diretora Maren Ade. Não digo que é um filme inesquecível, um Oscar de filme estrangeiro merecidíssimo (o coreano A Criada, por exemplo, que nem ficou entre os finalistas, era bem melhor). Mas tem um bom ritmo, bons atores, e muito momentos de vergonha alheia. Preste atenção na cena de aniversário no apartamento de Ines. Ela pode ser tão divertida e ao mesmo tempo, tão trágica. A própria Maren Ade surpreendeu a todos em uma entrevista dizendo que não via o filme como uma comédia, e que havia dito a seu produtor que o estava fazendo triste e super sério. E ainda que os atores tinham a mesma sensação!
Bem, cada um vê o humor (e a tragédia) à sua maneira, certo? Mas seja qual for o sua, vale conhecer o filme, e riscar mais um de sua listinha do Oscar!