Omar Sy é um dos poucos atores não americanos que conseguem atrair o público em geral para seus filmes. Isso veio desde seu grande sucesso, Intocáveis , de 2011 (disponível na Globoplay e na MUBI. E recentemente, ficou ainda mais evidente com o sucesso da série Lupin, da Netflix. Mas, como todos os atores, Omar tinha aquele projeto do coração, aquele que ele ficou esperando durante anos que conseguisse ser produzido. Mais de 10 anos depois, esse projeto, que ganhou o título de Herói de Sangue, finalmente consegue chegar aos cinemas. Estreou essa semana por aqui, depois de concorrer na mostra Un Certain Regard no Festival de Cannes.
A história parte de um fato pouco conhecido. Como os franceses forçavam os habitantes de suas colônias na África a lutar na época da I Guerra Mundial. Pelo que se sabe, é uma história apagada da memória da França, mas que ressoa até hoje no povo de Senegal. Omar Sy interpreta um pai senegalês que fará de tudo para salvar seu filho de 17 anos, que foi recrutado à força para lutar pelos franceses. Inclusive se oferecer para ir à guerra na tentativa de proteger o jovem.
O que achei?
Quando Omar se envolveu com o projeto, ele faria o papel do filho. Mas o tempo passou, e sabiamente, ele resolveu atuar como produtor, e também como o pai do garoto. Já aviso que não se trata de um filme fácil, muito pelo contrário. Tudo é muito lento, e falado em sua maior parte na língua Fula, muito falada na África Central. É um drama forte, que toca em assuntos com a relação de pai e filho, mas também na dominação dos povos. Os africanos, em especial os senegaleses, que saíram à força de sua terra, para lutar uma luta que não era deles. É revoltante.
Entretanto, apesar de contar uma história que deve ser conhecida, o ritmo lento demais não ajuda. Apesar de ter 1h40 de duração, Herói de Sangue parece excessivamente longo e cansativo. Mas, é claro, a presença sempre magnética de Omar é um trunfo do filme. O ator que faz o garoto, Alassane Diong, também é excelente. E ele vem a ser sobrinho na vida real de Omar Sy. A química entre os dois funciona perfeitamente – e dá ainda mais veracidade à história.