Sou grande fã dessas histórias de bastidores da realeza britânica, onde sempre um está querendo tirar o trono do outro. Mas, sempre acho que a coisa é tão complexa, que é muito melhor usar o formato de minissérie, do que tentar contar em duas horas tantas idas, vindas, e falsidades. Por isso, séries como Reign, Game of Thrones, e por que não dizer, até The Crown, funcionam tão bem. Duas Rainhas, que estreia essa semana nos cinemas, sofre esse problema. Sua história ficaria melhor numa minissérie, até porque, creio eu, lhe falta uma grande e indispensável cena.
A história
Depois de ficar viúva do rei da França aos 18 anos, Mary volta á Escócia para assumir o trono que lhe é de direito. Mas enfrenta problemas de seus súditos por ser mulher e católica. Além de lutar para se manter em seu próprio trono, Mary ainda planeja se tornar também rainha da Inglaterra. Só que a “dona do trono”, Elizabeth I, está determinada a impedir isso.
A crítica
A história é baseada no livro Queen of Scots: The True Life of Mary Stuart, do historiador John Guy. Foi adaptada pelo criador de House of Cards, Beau Willimon. Então você já percebe a importância dos bastidores políticos, e todas as suas maquinações, na história. Só que com isso vem o problema. Ás vezes, tudo parece um tanto confuso na escuridão de castelos escoceses, com todos os homens que cercam Mary meio parecidos com suas barbichas.
Ao começar já com o destino de Mary, para então contar como ela chegou ali, o filme pretende mostrar a força dessa mulher, mesmo em tempos tão distantes. Geralmente, tenho minhas restrições com relação a Saoirse Ronan. Sempre acho que falta vida em suas atuações. Aqui ela está em um de seus melhores momentos. Mas mesmo sendo o ponto central da história, não é páreo para a interpretação maravilhosa de Margot Robbie, como Elizabeth. A beleza, a feiura, a dor, a solidão. Cada momento do personagem é passado nos olhos dela. Merecia ter sido indicada ao Oscar de coadjuvante. Só que, com a concorrência de A Favorita, que tinha também como tema luta pelo poder na realeza britânica, Duas Rainhas conseguiu apenas duas indicações ao Oscar: figurino e cabelo e maquiagem. Margot acabou ficando de fora, mas foi indicada ao SAG’s e ao BAFTA. Merecia ter ganhado.
Duas Rainhas é um bom filme, mas não tem nada especial. Especialmente porque deixa de fora o momento – chave na história das duas. Aquele em que Elizabeth toma a decisão o destino de Mary. Depois de tudo que essas duas haviam passado durante o filme, era necessário mostrar esse momento. E Margot teria arrasado! Uma pena!
Fotos de divulgação
Marcelo Natel.
18 de maio de 2020 às 9:29 pm
Interessante a sua análise. Se me permite, senti falta de um comentário ou comparação acerca dos dois filmes estrelados por Cate Blanchet, que contam a história de Elisabeth I.
Eliane
19 de maio de 2020 às 5:46 pm
Boa ideia! Na verdade, teria que rever os dois filmes, já que faz muito tempo que vi!